Estou longe de ser conhecedora de Wong Kar Wai. Muito longe. Lembro-me que tentei, sem grande sucesso, ver em tempos
In the Mood for Love, mas confesso, que foi uma tentativa frustrada. Isto é provavelmente algo muito pouco correcto de se dizer publicamente e, tendo eu vergonha na cara, fecharia o
post e ficávamos por aqui.
Nos blogs dos amigos (
aqui,
aqui e
aqui),
My blueberry nights tem sido um tema corrente e talvez porque a primeira das opiniões que li foi a mais nitidamente positiva, decidi aí que seria algo a ver.
Agora, que já vi, posso dizer da minha justiça, mesmo sendo uma justiça com muito pouca autoridade moral, dado o vasto desconhecimento que já admiti.
Eu gostei. Compreendo que não tenha sido o melhor de Kar Wai, mas a mim serve-me para abrir o apetite para os filmes que desisti de ver antes, visto que estou bastante mais curiosa.
Gostei q.b. da história, dos buracos - porque as histórias em que nos contam tudo são, tantas vezes, pouco interessantes -, dos postais e das versões diferentes do nome nas
tags e no trato. Creio que a certa altura, Elizabeth (Norah Jones) diz algo do género "That night I took the long way to cross the road". Acho que isso me ficou na cabeça e pensei que, de facto, esta ideia, a da história da rapariga que foi dar a volta para a atravessar a rua (numa tradução mesmo muito livre), é uma ideia que me agrada.
No entanto, creio que o que mais gostei terá sido de ver esta história. Diz
um dos meus amigos que Kar Wai nos faz sentir entre as suas personagens. Assumindo o sentido literal das palavras e porventura resultante de algum pré-condicionamento, foi exactamente isso que eu senti neste filme. Os planos enquadrados, as personagens ao fundo, do outro lado do vidro, das colunas, das portas, do balcão e nós ali escondidos, a espreitá-los.
Por último, gostei das
blueberry pies. Não fosse o tardio da hora, a falta de mirtilos e de uma forma adequada, teria desatado numa busca furiosa de receitas. Ficou a ideia, para fazer um destes dias.