Sunday, March 18, 2007

Domingos

Acordamos por volta das nove e meia, com um sol radiante que entra pela janela. Devagar, abre-se um olho, depois o outro e o azul do céu que se entrevê pelos cortinados encoraja ao primeiro passo, o mais difícil. Lá saímos da cama para as coisas mundanas, mas tão necessárias e apetecíveis como um bom duche, a ouvir música. No final, as toalhas macias estão à espera e, como se quer, está também o perfume que tu gostas e o creme pelas pernas e pela cara, antes de vestir umas calças e t-shirt confortáveis (mas giras, hem... nada de fato de treino!).
Saímos por volta das dez e meia e deixamos as janelas bem abertas para que o sol e o céu azul (e se tudo correr bem, apenas o ar fresco e nada de ladrões) invadam a nossa casa e tragam um bocadinho do aroma a dia lindo que está lá fora.
Primeiro destino, um pequeno-almoço no nosso café preferido, aquele perto do mar, sabes? Pelas dez e meia ainda não tem muita gente, é a altura certa. Daí a uma hora, quando nós estamos de saída, começa a encher. Não temos que ficar no rebuliço. Hoje, o mundo é calmo. É o nosso dia. Nada de enchentes, nem de atropelos, nem de filas.
Saímos para a praia e vamos andando pelos passadiços. Uma hora, duas horas... O dia está lindo, o mar indeciso, mas persistente, vai rugindo ao pé de nós. Aqui e ali, algumas aves, gritam ocasionalmente. Algumas crianças também. Os gritos são de alegria, de brincadeiras, de atenção redobrada e de disponibilidade.
Mais tarde, temos que parar para comer novamente. Sim, que tudo isto cansa e o ar da praia nos dias tímidos da primeira primavera abre o apetite. De novo, outro dos nossos sítios de eleição. Aqui vamos sobretudo pela comida. Não há muito espaço para sentar, sequer. Mas o cheiro das delícias que aqui se fazem sente-se no fundo da rua. Levamos a comida connosco e vamos para o parque ali ao lado, onde após o nosso piquenique meio improvisado, preguiçamos ao sol acolhedor. Aproveitamos para ler. Tu, o jornal, que foste comprar ao quiosque, eu, o meu livro. Hábito de criança, andar sempre com um livro atrás. Que queres? Agora já sou demasiado velha para mudar. Sim, tens razão, e também demasiado teimosa.
Meios contrafeitos, quando o sol se esconde e começamos a sentir que o nosso dia já se aproxima do fim, regressamos a casa. Gosto desta sensação de conforto que me dá regressar a casa contigo. À nossa casa.
Uma sessão de cozinha experimental a dois, baseada naquele novo livro de receitas que nos ofereceram no último Natal, mas com invenção à mistura. Porque não juntar...? E se levasse ... ? Ficaria muito melhor. Delicioso, não? Mas da próxima vez, temos que pôr mais... . Sugestões para os próximos cozinhados trocam-se em volta de um copo de vinho tinto. Maduro, do Douro.
A ver um filme, algo interessante na televisão, a planear onde vamos nas próximas férias ou simplesmente a dizer tolices, terminamos o dia no sofá, abraçados.

Anseio pelos domingos assim.

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