DocLisboa 2009. 20 sessões. 26 filmes. Foi intenso. Percebi que não devo marcar mais do que duas sessões seguidas, sob pena de perder a concentração e a capacidade de estar confortável nas cadeiras do cinema (ou onde quer que seja, em boa verdade).
Mesmo com um nível de expectativas bastante alto, que tem vindo a subir de ano para ano, não desiludiu. Pessoalmente, faço um balanço francamente positivo. Não vimos nenhum com a produção de Gonzo ou Standard Operating Procedure, como no ano passado, mas, em contrapartida, gostei ou gostei muito de todos os filmes que vi. Às vezes, mais pela história, outras pela imagem, outras pela ideia e outras pelo conjunto. Mas, de um modo geral, esta foi, sem dúvida, uma semana de food for thought.
No aspecto prático da coisa, a organização foi extremamente profissional. Além de mais de 200 filmes, trouxe bastantes realizadores e as discussões pós-projeccção foram frequentes. Tenho ainda a dizer que Culturgest foi um anfitrião excelente, o auditório grande é mesmo muito bom e todas as pessoas com quem nos temos cruzado por lá são simpáticas e eficientes. O facto de terem dado um apoio tão grande ao Doc aumenta em muito (mas mesmo muito) a minha simpatia pela Fundação.
E embora não vos queira maçar mais com isto, não resisto a deixar-vos links para os meus preferidos (para aqueles cujo site oficial não consigo encontrar, deixo-vos o link possível). Ahhhh, e já agora, fica aqui também o link para a listagem dos filmes premiados.
Acácio, de Marília Rocha
É um filme sobre um casal de portugueses, residente no Brasil desde os anos 70, depois de sairem de Angola. É uma viagem à memória de Acácio, respeitável ancião, com um acervo incrível de fotografias e vídeos de Angola, onde era fotógrafo profissional. É também um retrato de vidas de um Portugal mais antigo que eu. Gostei muito.
A Casa dos Mortos, de Debora Diniz
Esta curta/média passa-se numa prisão psiquiátrica no Brasil e parte de um poema de um dos presos. É possível vê-la online no site.
The Crime that Changed Serbia, de Janko Baljac
É de 1995. Vi-o numa incredibilidade crescente, com o desfilar de gangsters atrás de gangsters, que pareciam tirados de um misto entre um mau filme de Hollywood e um reality show. Mas eram mesmo a sério.
La Forteresse, de Fernando Melgar
Foi, sem dúvida, um dos que mais gostei. Filma o dia a dia de imigrantes num centro de acolhimento da Suiça.
Himalaya, Land of Women, de Marianne Chaud
Mostra-nos o dia a dia em Sking, uma aldeia perdida a 4000 metros de altitude, no meio dos Himalaias, onde a realizadora vive durante parte do ano e se integra na pequena comunidade local.
Letters to the President, de Petr Lom
No Irão, à semelhança do que se faz para o Mahdi, as pessoas podem também escrever para o presidente, pedindo-lhe que os ajude a resolver os seus problemas.
The Mamas and the Papas, de Janine Bakker
Quando um casal de lésbicas e um casal de gays decidem ter um filho juntos.
The Time that Remains, de Elia Suleiman
Embora não seja um documentário, foi-nos apresentado como cinema do real. É uma obra semi-autobiográfica, onde Suleiman faz um retrato das vidas dos palestinianos israelo-árabes.
To Translate, de Pier Paolo Giarolo
O destaque vai sobretudo pela boa surpresa que foi. Não sei bem do que estava à espera, mas não era disto com certeza. Pareceu-me bonito, poético.
Vizinhos, de Tiago Figueiredo
Conta a história da Musgueira, aka, Alta de Lisboa, desde a sua origem até aos dias de hoje.
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