Já está

Há algum tempo, lia este post do David Marçal, num misto de inveja (inveja, não cobiça) e admiração. E pensava, de mim para mim, que também gostava de fazer isto assim.

O grande problema é não dá. Não sei se é efeito do par de cromossomas X, se é efeito de outro cromossoma qualquer ou se é pura e simplesmente maluqueira, mas o facto é que eu tenho uma grande tendência para me preocupar. Por vezes, em excesso, ou desnecessariamente.

Neste caso, até nem era desnecessário, mas era, de facto, exagerado. A minha preocupação não tem grandes manifestações exteriores (penso eu), mas corrói-me por dentro. Como tal, a minha véspera foi um dia de pânico, do início ao fim. A noite, foi na mesma linha; não consegui dormir nada de jeito e acho mesmo que não cheguei a adormecer, apesar de ter tentado a) contar carneiros, b) contar para trás a partir de 1000, c) pensar em coisas calmas e felizes, d) ler o Gomorra, e) ler a tese, f) provavelmente outros que agora não me lembro. E à medida que o tempo passava, o facto de não conseguir dormir acordava-me ainda mais.

A uma hora aceitável, lá decidi deixar de tentar e confiei no poder recuperador de um bom duche. Arrastei-me para a Faculdade, com uma sensação de aperto na garganta.

De qualquer modo, a combinação entre o duche, o ar frio da manhã e adrenalina q.b. funcionou. Após o início dos "trabalhos", fiquei bastante calma, fiz a minha apresentação e fui respondendo às perguntas. Lembro que respirei fundo, de alívio, quando saí da sala para o júri tomar a sua decisão, porque senti que tinha passado. O que se confirmou. E depois houve abraços e beijinhos.

Perguntaram-me ontem como é que me sentia, agora que tinha acabado, se me sentia mais alta. Não, mais alta não me sinto. Sinto-me é incrivelmente mais leve. De resto, absolutamente igual.