Saturday, October 25, 2008

PS quê?

Uma pequena interrupção nos filmes do Doc.



Retirado daqui, antes da mudança.

Friday, October 24, 2008

A resposta (adequada?)

Em resposta à sugestão da Eva, cá ficam os meus 7 factos:

1. Sou dada ao síndrome do ouriço-cacheiro.

2. Apesar de existir há dois anos, não há muitas pessoas que saibam deste blog. A grande razão é que disse a muito pouca gente que ele existia. Ao início, não disse mesmo a ninguém. (Só a ti, mas isso não conta.) Ainda assim, houve quem viesse cá parar. Isso deixou-me um bocado assustada e, consequentemente, tornei-o privado durante uns 30 min (assustada, mas não muito?). Mas durante muito tempo retirei, ou pedi para retirar, todos os links que viessem cá dar. Hoje, nitidamente em recuperação, já não me incomodo (e até gosto) com as (das) visitas, mas ainda fico sem jeito a falar do assunto sem ser por via electrónica.

3. Preciso de férias. Dava-me jeito uns dois meses a vaguear pelo mundo, mas um fim de semana mais crescido já me chega. Gosto de planear as férias e se não levar a máquina fotográfica quase nem contam.

4. Volto atrás para confirmar se tranquei o carro, se fechei a porta, se desliguei o ferro, o fogão, etc., etc.. Preparo-me sempre para o pior, mas guardo normalmente uma pequena réstia de esperança no melhor. Sou muito ponderada, mas as decisões grandes e importantes são normalmente mais emocionais do que racionais. Por outras palavras, não bato totalmente bem.

5. Tenho genericamente os pés frios, menos quando acordo. Deve ser por isso, que durmo melhor de manhã do que à noite, embora, em teoria, goste muito mais de trabalhar de manhã do que à noite. Na prática, o contrário é frequente.

6. Tenho saudades de comer falafel e húmus. Onde é que se arranja isto em Lisboa?

7. Quebro invariavelmente as cadeias. Devo estar carregada de energia negativa em castigo de todas as mensagens que não reenviei. Para manter a consistência, fico por aqui.

PS: Como um ouriço-chacheiro que se preze, um post destes dá-me um estímulo adicional para escrever o próximo para que este saia do topo da página.

Wednesday, October 22, 2008

Z32, by Avi Mograbi

Se um soldado mata um "inimigo" é um assassino? Se ele gostou dessa sensação de ter morto o "inimigo" é um assassino? E se o "inimigo" não estivesse armado? E se o "inimigo" não tivesse feito mal nenhum, a não ser "ser inimigo"? E se fosse a tal morte ocurresse numa operação de "vingança", cuidadosamente planeada? Quando é que passa a ser um assassínio? Independentemente de ser ou não um assassínio, pode perdoar-se-lhe?

Escusado será dizer que não sei. Mas mesmo não sabendo bem a resposta, acho melhor que se façam perguntas do que fiquem esquecidas ou ignoradas.

Em Z32, um soldado israelita conta como a sua unidade matou dois polícias palestinianos numa missão de vingança. Seis israelitas tinham sido mortos no dia anterior num posto de controlo e houve uma ordem para que, em retaliação, se atacassem uns postos palestinianos e se matasse os palestianos que lá estivessem. No posto do qual a sua unidade estava encarregue, conseguiram matar dois homens, que depois constataram que estavam desarmados. Ele conta que, na altura, gostou. Agora vê o episódio de um modo diferente, mas, na altura, gostou.

Durante o filme, a história é repetida vezes sem conta, com mais ou menos pormenor. Tive a sensação que a ideia era experimentar se ela faria mais sentido ou deixaria de nos incomodar, se a ouvíssemos repetidamente. Algumas vezes, era o dito soldado que a contava. Contava à namorada, tentando explicar-lhe (o inexplicável?) o que se passou, ou contava-a directamente para a câmara, numa pose de testemunho, na sala do realizador, ou contava-a no local onde a tal operação se passou. Outras vezes, o soldado pedia à namorada que contasse ela, que ela contasse como se fosse ele. Ela fazia um esforço, mas sofria do mesmo que as pessoas que nunca foram à guerra. É difícil compreender. No meio disto, há interrupções musicais surreais, em que o realizador reflecte sobre este assunto, numa sala repleta de um número manifestamente exagerado de músicos para o espaço disponível.

De um ponto de vista macroscópico, eu admito que algumas guerras possam sentido. Para que isso aconteça, é necessário que haja um "nós" e "eles" muito bem definido. É preciso seja bem claro quem são os bons, nós, inevitavelmente, e os maus, eles, o inimigo. Se para admitir o sentido da guerra, é preciso admitir que "todos eles" são o "inimigo", essa noção é ainda mais necessária para os que vão combater. No treino para combate, é absolutamente essencial definir o inimigo e desumanizá-lo totalmente. Depois, períodos de treino intenso, intercalados por períodos de inactividade, privação do sono, mudanças contínuas de locais e outras coisas mais farão o necessário para se entrar no espírito. Se o inimigo fosse humano, não seria necessário um estômago muito mais forte para "entrar no espírito", como, em última análise, a guerra perderia inevitavelmente sentido.

E quando a guerra acaba? As pessoas que voltam da guerra não são as mesmas que foram para a guerra, mas também não são as mesmas que foram durante a guerra. Há que lidar com todas as imagens e todos os actos pelos quais se passou; há que lidar com quem ficou; há que lidar com quem não foi e tem uma opinião.

Muitos de nós, eu incluída, temos uma imagem crítica do exército israelita. A dimensão brutal das suas respostas aos ataques dos seus vizinhos tornam a sua causa pouco simpática. Discordando da política militar, que atitude ter perante os indivíduos que fazem parte do exército? Será que são eles os "maus"? E já eram antes, ou ficaram durante? E ficarão para sempre?

Gostei muito deste filme. É pertinente e é mostrado de uma maneira meia louca, que achei muito boa. Fez-me lembrar, de algum modo, o War Tapes, de Deborah Scranton, sobre soldados americanos no Iraque e o livro The Welsh Girl, de Peter Ho Davies, sobre um prisioneiro de guerra alemão num campo no País de Gales, após a segunda guerra mundial.

Sunday, October 19, 2008

Aka Ana, by Antoine d'Agata

Perante uma sala esgotada do cinema Londres, a organização informou-nos, conforme requerido por lei, que o filme que iríamos ver era pornográfico. Parece-me que a notícia foi recebida pela audiência num misto de surpresa e apreensão. Sendo um filme cotado para M18, eu esperava imagens explícitas. Mas acho que não estava à espera nem de tantas, nem tão explícitas.

As pessoas que estavam sentadas nos corredores foram começando a sair. Saíram mesmo algumas do meio das filas apertadas da sala 1.

Eu não gostei do filme. Reconheço que pelo meio havia imagens que eu achei bonitas de um ponto de vista puramente estético, na linha de algum do trabalho fotográfico do autor. Mas algumas imagens interessantes no meio de uma hora de filme não chegaram para mim. Os supostos testemunhos de prostitutas eram na sua maioria um desfiar de frases soltas, sem grande sentido, que ouvíamos numa voz frágil e delicodoce, entremeada pelos gemidos das imagens que passavam no écran, grandes planos de rabos, de outras partes do corpo ou de malta a injectar-se. Se o filme tivesse 15 min, talvez fosse apenas inquietante, assim tornou-se aborrecido.

No final da sala, sentia-se o desconforto no ar. Talvez tenha sido essa a intenção do realizador. Resultou.

Damages, by Thomas Balmès

Quanto vale uma vida? Pergunte a quem sabe.

Em contraste com o drama de algumas das situações relatadas, assiste-se a este filme meio estupefacto e incrédulo. Será que isto é mesmo assim?

Por uma percentagem de 33%, estes advogados conseguem indemnizações milionárias para os seus clientes com queixas de más práticas ou de negligência médica. Alegam danos como perda de usufruto da vida, perda de consórcio, entre outros, e conseguem quantificá-los a todos, em dólares. São sobretudo pragmáticos.

A ver. Sem dúvida.

Saturday, October 18, 2008

Hold Me Tight, Let Me Go de Kim Longinotto

Não há entrevistas directas, nem juízos, nem partidos, há apenas uma câmara a filmar o que se passa. Somos convidados a interpretar as imagens como quisermos, a darmos-lhes o sentido que bem entendermos. O papel do realizador aqui foi apenas dar-nos a conhecer episódios de algumas vidas que de outro modo não teríamos acesso. Vê-se com um aperto no estômago e um nó na garganta do princípio ao fim. Muitas vezes, através de um olhar embaciado. No final, uma rapariga de um grupo de adolescentes soluçava no ombro da senhora que os acompanhava (talvez uma professora). O filme mereceu-o. Era imensamente perturbador.

Hold Me Tight, Let Me Go mostra o dia a dia das 40 crianças que vivem na Mulberry Bush School, em Oxfordshire, Inglaterra. É uma escola de fim de linha, para onde as crianças vão quando não há espaço para elas noutro lado. Vêm de famílias disfuncionais, muitos sofreram traumas emocionais graves e foram repetidamente expulsas de várias escolas devido ao seu comportamento. O trabalho dos 108 funcionários é dar-lhes ferramentas que lhes permitam integrar-se de novo nas famílias ou numa escola aberta. Não é um trabalho fácil.

O filme foca-se sobretudo em cinco rapazes: Alex, Ben, Robert, Charlie e Mike; se bem me lembro, todos com 8 anos, à excepção de Mike, com 12. Quase nenhum tem contacto com o pai; a mãe de Alex não sabe bem onde está o pai dele, a de Ben esfaqueou-o, Charlie descobre que o pai morreu durante o curso do documentário, o de Mike não é mencionado e o de Robert admite que não gosta muito deste filho. As mães foram-no provavelmente demasiado cedo e alternam entre o extremoso quando eles estão calmos, com o "tirem-me deste filme", quando eles têm um ataque de fúria ou começam a ficar mais agitados.

A certa altura, alguém diz no filme que por muito mal que os pais os tratem, todos estes miúdos procuram a sua atenção e querem ser aceites por eles. A aceitação dos pais define-os. A rejeição deixa-os à deriva. Por isso, os mesmos miúdos que vemos completamente descontrolados em algumas cenas, a pontapear, insultar e cuspir em que qualquer pessoa que esteja à frente, transformam-se em pequenos anjos nos dias de visitas dos pais. É um equilíbrio instável e periclitante, que se pode desfazer de um momento para o outro, o que está muito bem resumido no título do filme. A ideia é que o tempo que passam nesta escola (cerca de três anos, no máximo, creio eu) lhes permita controlar melhor a fúria que os consome e que, de algum modo, se possam reconstruir com uma imagem mais positiva deles próprios.

Creio que seria positivo que os pais deles fossem também a uma escola durante o tempo que as crianças estão lá, porque é verdadeiramente difícil lidar com crianças tão zangadas. Será, com certeza, necessário muito treino e auto-controle para não perder a calma; os adultos da escola estão treinados para agarrar as crianças até que elas se acalmem e creio que nenhum deles levantou a voz em algum momento do filme.

Em pelo menos dois momentos do filme, há miúdos que falam em matar pessoas ("um dia, vou-te matar" ou, numa brincadeira, "estávamos no MacDonalds a matar pessoas"). Interrogo-me sobre o que acontecerá às crianças depois de sairem dali, sobre o que lhes reserva o seu futuro. A sua instabilidade emocional causa-lhes grandes problemas de aprendizagem. Não são pouco inteligentes, nada disso, mas têm uma capacidade de concentração muito reduzida. Além disso, não sei se as famílias lhes conseguem dar a estabilidade que eles precisam, a sensação de que têm alguém todos os dias, que gosta deles e lhes dá atenção devida, mesmo sem eles terem que partir nada. Por último, não consigo deixar de pensar que, se ali estão 40, onde estarão todos os outros?

Foi o nosso primeiro filme do DOC 2008 e acho que começou com chave de ouro.

Thursday, October 16, 2008

Um dia, de novo

Gosto de recordar aquele dia. Gosto de passar os dedos e os olhos pelas fotos. Fazê-lo deixa-me de coração quentinho e sorriso nos lábios.

Por vezes, até me apetece repeti-lo todo do princípio ao fim. Não para o mudar ou reescrever a sua história, mas simplesmente porque foi um bom dia. É claro que se não tivesse sido seguido por uma série de outros dias bons, aquele dia seria provavelmente um dia mau, ou pelo menos, menos bom. Parece-me que são todos os outros dias que o fazem especial, mas, ainda assim, era aquele que eu repetiria.

Acordaria de novo demasiado cedo para uma manhã de Sábado, e meia a dormir, iria de novo ao cabeleireiro, onde depois de algum puxar e repuxar de cabelos, sairia cravada de ganchos (mas nitidamente espectacular! ;) ). Rir-me-ia (talvez nervosamente) outra vez com as mensagens dos amigos que perguntavam se era mesmo para ir ou se dava para atrasar um bocado. Iria depois até casa da minha avó onde lhe daria uns abraços apertados de saudades e mudaria para uma roupita mais compostinha. Um salto até casa para buscar a família e depois lá me encontraria contigo e com todos os outros, como combinado, mesmo sem luz, cadeiras ou som, porque alguém não se lembrou que dia era aquele. Diria que sim outra vez. Partilharia de novo o bolo com o Beso com todos. Comeríamos queijo de Azeitão. Haveria risos e sorrisos, abraços, girassóis e o melhor set de café do mundo. Tiraríamos fotos a olhar para a direita, para a esquerda ou para onde nos apetecesse.

Era isto, basicamente, juntaria todos de novo, os que estavam e já não estão e os que não estiveram por algum motivo e assinaria de novo a nossa folha em branco.

Friday, October 10, 2008

Espectacular

Eu já achava que a desculpa de que "somos contra, porque não está no programa do Governo" era um bocado esfarrapada, mas ao que consta tudo isto faz ainda menos sentido. Ou então sou eu que sou implicativa.

A disciplina de voto imposta pelo PS sobre o casamento entre homossexuais não fez qualquer tipo de sentido. Pelo menos, para um protoneuroniozito como o meu. Mas parece-me com ainda menos sentido emitir uma declaração de voto a favor e votar contra. Mas, mais uma vez, isso serei eu. O zef, que também ficou confuso com isto, fez um desenho muito esclarecedor para os deputados que se levantaram na altura errada.

Além do chumbo no hemiciclo, confesso que me faz sempre alguma confusão a oposição popular a este tipo de leis. Aqui, não se obriga ninguém a casar, não se obriga ninguém a ser homossexual, apenas se permite que pessoas que querem casar com outra do mesmo sexo o façam. Por isso, não percebo qual é o problema que a malta tem com as opções dos outros. Sobretudo quando essas opções não os afectam em absolutamente nada. Por mais que me esforce não consigo pensar nas razões que possam levar alguém a ser contra. Será por causa dos filhos? Mas quando um casal heterossexual se casa, ninguém lhes pergunta se querem ou não ter filhos; apesar de muitos os terem, há outros que não querem ter e que não têm. E ainda assim se podem casar.

Ainda não sei bem em quem vou votar nas próximas eleições. Inspirada por esta grande demonstração de coragem política dos deputados do PS (excepção feita a Manuel Alegre), se decidir apoiar o seu partido, sou bem capaz de votar na oposição.

DocLisboa 2008

It's that time of the year again! Hurrahh!

Durante 10 dias (16-26 Outubro), Lisboa vai ter à sua disposição uma abundante selecção de documentários. Os bilhetes já estão à venda e o programa encontra-se aqui. Se bem que este ano a crise está para ficar e que os bilhetes estejam mais caros, é bem possível que esgotem. Por isso, o meu conselho de amiga é que os comprem quanto antes. Mais informação disponível na página oficial.

A minha experiência de Doc é muito recente; só assisti a alguns da edição do ano passado. No entanto, fiquei tão bem impressionada com os filmes que vi, que aguardava com ansiedade a divulgação do programa deste ano. Uma vez lido e relido, o grande problema foi mesmo escolher quais os docs a ver. Por isso, acabámos por fazer uma escolha bastante alargada e vamos assistir a uma verdadeira maratona de docs durante estes dias. As minhas expectativas são elevadas (espero que não demasiado). Depois informo-vos se foram ou não correspondidas.

Tuesday, October 07, 2008

Zé Carlos

Os Gatos estão de volta. Ainda bem!

O arquivo da SIC poderá não ser tão rico como o da RTP, mas, pela primeira amostra, também tem alguns tesourinhos.

Monday, October 06, 2008

Fey strikes again

Parece-me que até ao próximo dia 5 de Novembro ainda vamos ver mais uns destes vídeos. Tal como os anteriores, muito, mas mesmo muito, bom.

Saturday, October 04, 2008

Spread the story. Stop the disease.

Será um cliché dizer que uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas, apesar de cliché, não deixa de ser verdade.

O fotojornalista James Nachtwey ganhou um TED Prize em 2007. Nessa altura, o seu desejo para mudar o mundo foi usar as suas fotos para contar uma história verdadeiramente importante, de tal modo que fosse possível mobilizar gente suficiente para apoiar essa causa. A história que ele escolheu contar é a da tuberculose extremamente resistente (não ponho as mãos no fogo pela minha tradução, mas em inglês é extremely drug-resistant TB, XDRTB). Para isso, durante um ano, andou a fotografar "hospitais" em países onde esta doença é particularmente alarmante.

O slideshow disponível aqui mostra algumas dessas fotos. Elas terão certamente mais efeito do que qualquer coisa que eu possa dizer.



Para apoiar esta campanha, podem muito simplesmente ir aqui, assinar a petição para os líderes do G8 incluírem a XDRTB na agenda de trabalhos da reunião de 2009 e publicar este slideshow nos vossos blogues ou perfis de redes sociais. encontrarão ainda mais informação sobre esta campanha e outras formas de a apoiar.
Obrigada.

Fey-Palin

Desculpem lá estar a insistir nisto, mas estou mesmo rendida à Palin da Tina Fey. Só a esta. Que fique bem claro.

Thursday, October 02, 2008

Partido de esquerda?

Talvez tenha sido em tempos. Nos dias que correm, não parece.