Imagem modificada daqui.
Interrogo-me sobre a possibilidade de viver sem amor nenhum. Mesmo que estejamos sozinhos no mundo, sem família, nem amigos, ainda poderá restar-nos algum amor próprio (será que pode?). Creio que conta como amor. Mas se esse também se for, não sei bem como será a vida.
Isto digo eu, apesar da cabra cínica que vive dentro de mim. Será que ando aqui disfarçada de cabra cínica, mas, no fundo, no fundo, sou uma romântica inveterada?
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Depois de grande reflexão (indicada por ...), concluo que não.
NOTA: A partir de agora, a palavra "amor" designará apenas aquele sentimento que se nutre por um outro ser/seres da nossa escolha, excluindo completamente o sentimento que vem dos laços familiares, tipo amor de mãe, que está associado a outras estranhezas.
Estou bem longe do romantismo inveterado. Não acredito em amores eternos, em amores à primeira vista, em amores perfeitos, em príncipes, princesas ou outros seres de histórias de fadas (à excepção dos anões que vivem cá em casa e que mudam as coisas de lugar quando não estou a olhar). Apoio verdadeiramente a máxima "Antes só que mal acompanhado." e creio que nunca sonhei com uma grande boda ou com um enorme e glamoroso vestido branco. Deve ter sido por isso que me casei de sapatilhas azuis.
No entanto, também não me encaixo a 100% na categoria de cabra cínica. Apesar de toda a falta de fé referida acima, também acredito que o amor, matreiro, nos apanha desprevenidos e nos toma o braço todo se lhe dermos a mão. Somos assim como que levados de arrastão por uma onda gigante e, antes que consigamos vir à tona, estamos com a cabeça nas nuvens e com aquele sorriso parvo que caracteriza as pessoas apaixonadas. E é tão bom! É bom e fácil. Sendo fácil, não lhe damos, por vezes, a atenção devida às coisas importantes e raras (para uns mais do que para outros, é certo...). É normalmente nesta altura que se tornam complicados. E terminam ou acabam por terminar.
Os fins do amor assustam-me. É possível superar muitos obstáculos numa relação, mas perante o fim do amor, não há nada a fazer. E embora não acredite em amores eternos, esta outra ideia de que todos os amores têm um fim inevitável à espera deles perturba-me igualmente. Paradoxal, não?
Acho que é por isso que os amores alheios me dão alegria e esperança, do mesmo modo que os fins alheios me entristecem. Talvez acalente o desejo secreto de que a realidade me prove que estou errada e que me mostre que, volta e meia, lá há um amor ou outro que vive mais do que os intervenientes, como nos livros de histórias.