Thursday, March 27, 2008

Do amor - Considerações soltas


Imagem modificada daqui.



Interrogo-me sobre a possibilidade de viver sem amor nenhum. Mesmo que estejamos sozinhos no mundo, sem família, nem amigos, ainda poderá restar-nos algum amor próprio (será que pode?). Creio que conta como amor. Mas se esse também se for, não sei bem como será a vida.

Isto digo eu, apesar da cabra cínica que vive dentro de mim. Será que ando aqui disfarçada de cabra cínica, mas, no fundo, no fundo, sou uma romântica inveterada?

...

...

Depois de grande reflexão (indicada por ...), concluo que não.

NOTA: A partir de agora, a palavra "amor" designará apenas aquele sentimento que se nutre por um outro ser/seres da nossa escolha, excluindo completamente o sentimento que vem dos laços familiares, tipo amor de mãe, que está associado a outras estranhezas.


Estou bem longe do romantismo inveterado. Não acredito em amores eternos, em amores à primeira vista, em amores perfeitos, em príncipes, princesas ou outros seres de histórias de fadas (à excepção dos anões que vivem cá em casa e que mudam as coisas de lugar quando não estou a olhar). Apoio verdadeiramente a máxima "Antes só que mal acompanhado." e creio que nunca sonhei com uma grande boda ou com um enorme e glamoroso vestido branco. Deve ter sido por isso que me casei de sapatilhas azuis.

No entanto, também não me encaixo a 100% na categoria de cabra cínica. Apesar de toda a falta de fé referida acima, também acredito que o amor, matreiro, nos apanha desprevenidos e nos toma o braço todo se lhe dermos a mão. Somos assim como que levados de arrastão por uma onda gigante e, antes que consigamos vir à tona, estamos com a cabeça nas nuvens e com aquele sorriso parvo que caracteriza as pessoas apaixonadas. E é tão bom! É bom e fácil. Sendo fácil, não lhe damos, por vezes, a atenção devida às coisas importantes e raras (para uns mais do que para outros, é certo...). É normalmente nesta altura que se tornam complicados. E terminam ou acabam por terminar.

Os fins do amor assustam-me. É possível superar muitos obstáculos numa relação, mas perante o fim do amor, não há nada a fazer. E embora não acredite em amores eternos, esta outra ideia de que todos os amores têm um fim inevitável à espera deles perturba-me igualmente. Paradoxal, não?

Acho que é por isso que os amores alheios me dão alegria e esperança, do mesmo modo que os fins alheios me entristecem. Talvez acalente o desejo secreto de que a realidade me prove que estou errada e que me mostre que, volta e meia, lá há um amor ou outro que vive mais do que os intervenientes, como nos livros de histórias.

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