Friday, February 29, 2008

Dave Eggers - TED Prize 2008


De 27 de Fevereiro a 1 de Março de 2008, está a decorrer o TED 2008, em Monterey e Aspen, USA. Para os que não sabem, segundo as palavras deles próprios, "TED (Technology, Entertainment, Design) is today a global community. It's a community welcoming people from every discipline and culture who have just two things in common: they seek a deeper understanding of the world, and they hope to turn that understanding into a better future for us all."

Anualmente, há uma TED conference, (a tal que está agora a decorrer) que constitui o grande evento desta "comunidade"; durante 4 dias, há 50 talks de pessoas de áreas muito diversas, de nomes bem sonantes, a nomes mais desconhecidos, mas que têm em comum o facto de apresentarem algo inovador, positivo. Em Abril de 2007, muitas destas talks passaram a estar disponíveis online, o que lhe deu a dimensão de comunidade global com que eles se assumem hoje em dia.

Embora esteja longe de as ter visto todas, já vi bastantes destas talks. E é quase invariável o sentimento positivo que elas transbordam. Dizia uma amiga minha que deixam o coração quentinho. E a verdade é que nestes dias, em que as notícias são muitas vezes más, porque as boas notícias são muito pouco notícias, o TED é uma lufada de ar fresco, uma pedrada no charco e outras frases feitas que demonstrem que é algo inovador, que rompe com o habitual (é algo irónico usar uma frase feita para descrever inovação, não?). No meio das crises financeiras, humanitárias, ambientais, da saúde, da educação e todas as outras crises que por aí andam espalhadas, as TED talks dão-nos esperança, fazem-nos pensar que há hipótese de que o mundo não esteja todo louco e que o futuro possa ser melhor e melhor.

Desde 2005 (creio eu), há também o TED Prize, que distingue 3 pessoas que tenham vindo a desenvolver actividades que permitam mudar o mundo (sim, sim, o mundo e nada menos do que isso). Os vencedores recebem $100,000, mas o grande e verdadeiro prémio é que lhes é concedido um desejo, um desejo que possa mudar o mundo. Este ano, o anúncio dos TED Prize foi transmitido em directo para todo o mundo através da Internet. Se bem que devido à diferença horária, só tenha visto um deles, acho que fui mesmo dormir com o coração quentinho, como diz a minha amiga.

Dave Eggers, um dos TED Prize 2008, é dono da editora McSweeney's. Percebeu a certa altura que as horas que trabalhava eram bastante flexíveis e que conhecia uma série de gente com a mesma disponibilidade e, tal como ele, com experiência e formação em escrita. Decidiu abrir um centro de escrita grátis, o 826 Valencia, para ajudar alunos dos 6-18 a desenvolver as suas capacidades de escrita e ajudar professores a conseguir motivar os alunos para a escrita. O 826 Valencia abriu em São Francisco, em 2002, nas traseiras de uma loja de produtos para piratas. (Sim, palas, olhos falsos e pernas postiças e tudo mais o que um verdadeiro pirata precisa). A ideia era ter um sítio onde as crianças/adolescentes pudessem simplesmente aparecer depois das aulas e ter acesso grátis a um acompanhamento personalizado (1:1) por pessoas com experiência de escrita. No centro, não só poderiam ter acompanhamento para fazer os trabalhos de casa, mas também teriam a possibilidade de desenvolver projectos de escrita criativa, havendo publicações regulares com as histórias resultantes. A ideia cresceu e novos centros abriram noutras cidades nortes-americanas, originando o 826 National.

Tendo em conta o mercado de trabalho norte-americano, creio que os professores são relativamente mal pagos. Calculo que não seja uma profissão capaz de atrair muita gente. Aqueles que, mesmo assim, o escolhem fazer, deparam-se muitas vezes com dificuldades em motivar os alunos, sobretudo quando um professor é responsável por turmas com elevados números de alunos e se vê fisicamente impossibilitado de lhes dar toda a atenção que seria necessária. Com a entrada em vigor do controverso No Child Left Behind Act, parece que o facilitismo acaba por ser a saída mais comum para que os estados e as escolas fiquem bem classificados nos rankings. Parece assim que, apesar das estatísticas, o sistema de educação norte-americano não anda nas melhores condições e há quem questione se é de facto efectivo, se as crianças aprendem mesmo ou são apenas treinadas para terem bons resultados nos exames.

Por isso, embora o 826 National seja uma pequena ajuda num universo muito grande de crianças, o desejo de Dave Eggers, como resultado do seu TED Prize, vai no sentido de expandir este movimento. Ele desejou que 1000 acções semelhantes fossem desenvolvidos no próximo ano, conforme podem ver aqui. Eu cá acho que é um óptimo desejo para mudar o mundo.

Numa altura em que se discute tanto a educação em Portugal e que, ao que parece, há passos em direcções perigosas, pergunto-me se um programa semelhante não era uma óptima ideia. Alguém disponível para um "826 Lisboa"?

Monday, February 25, 2008

4 luni, 3 saptamani si 2 zile


Mostra-nos como se consegue fazer um aborto na Roménia dos anos 80, sob a ditadura de Ceauşescu. Fica aqui o link da Wikipedia sobre as políticas de natalidade do senhor. Nada como um ditador para estimular a natalidade.

Vê-se com um aperto no estômago.

E é arrepiante pensar que a realidade portuguesa possa ter sido mais próxima disto do que aquilo que todos desejaríamos.

Friday, February 22, 2008

O alcatrão

Tive uma ideia linda: durante um fim de semana, esvaziar Lisboa e recobri-la com um piso decente e desprovido de buracos. Um trabalho necessário, executado rápida e eficazmente. Tipo SWAT Team. Acho que vou esperar mais uns tempos antes de propor isto à Câmara de Lisboa. De qualquer maneira, também me parece que agora está encerrada por motivos de balanço.

Friday, February 15, 2008

Bicho carpinteiro...

...e borboletas na barriga. Há dias assim.

Thursday, February 14, 2008

Iargghhhhhhh!

Parece-me apropriado, para o dia de hoje.

Muito provavelmente à conta da minha cabra cínica interior, não gosto particularmente do Dia dos Namorados. Os postais, os corações vermelhos, as rosas vermelhas, os ursos de peluche e todo o restante merchandising associado provocam-me um esgar de nojo e um revirar de olhos...

Não costumo jantar fora neste dia, mas imagino os restaurantes cheios de pares de namorados, de olhos nos olhos, mão na mão, completamente revestidos de uma boa camada de mel. É certo que não será tanto assim, mas a cabra cínica tem uma mente torta.

No entanto, cruzei-me hoje com duas imagens alusivas ao tema que me fizeram sorrir. Provavelmente, vocês também as terão visto, mas cá ficam de qualquer modo. Talvez haja esperança, mesmo para as cabras cínicas.


Logo do Google, 14 de Fevereiro de 2008



Lenço de amor do Minho, retirado do Público.

Monday, February 11, 2008

Photoblogging




Entre Laçadas
Nikon D70, Fevereiro 2008, Lisboa

Friday, February 08, 2008

Os braços extensíveis dos monstros

Os monstros que vivem debaixo da cama, por vezes, no meio de algum cotão, têm braços extensíveis. Há dias em que os estendem e nos enlaçam por baixo das cobertas, para que possamos ficar ali com a cabeça por entre a areia dos lençóis, fora do barulho do mundo. E enquanto por aí ficamos, um ser holográfico desprende-se de nós e arrasta-se pelas ruas, encarnando o nosso papel. Não é bom, mas sabe bem.

Tuesday, February 05, 2008

buluu





O amigonstro cá de casa.

Sunday, February 03, 2008

Portugal, (kind of) smoke-free II

Quando a lei do tabaco ainda estava em discussão, lembro-me de ver uma notícia em que se dizia que o CDS e o BE achavam a lei demasiado restritiva (isto existe, não existe?). Não é todos dias que se vê a esquerda e a direita de acordo, o que dá sempre um bonito momento. Lembro-me de pensar que há fumadores em todos os quadrantes políticos e, ao que parece, bastantes.

O mesmo se passará, creio eu, entre os cronistas dos nossos jornais, pois multiplicaram-se as crónicas de protesto contra esta lei pidesca, opressora e tudo e tudo e tudo.

Agora vêm as associações de restaurantes, bares e discotecas dizer que a lei é o descalabro e que irão muitos à falência por causa disto (v. abaixo).

Relembrando a minha parcialidade sobre este assunto, tenho a dizer, que, após ter já usufruido de espaços sem fumo, continuo bastante contente com a lei. Acho natural que haja protestos. Somos animais de hábitos e, raramente, as mudanças são bem aceites.

Ao contrário do que li (embora não tenha comparado os textos da nossa lei com a de outros países), tenho grandes grandes dúvidas de que seja a mais severa dos países Europeus. Tendo por base apenas o comportamento dos fumadores, não vejo grandes diferenças entre as nossas restrições e as de Inglaterra ou da Escócia. As ideias dramáticas de que iria haver inúmeras denúncias de fumadores à polícia parecem-me exactamente isso: dramáticas. Houve 22 denúncias. Com um universo estimado em ~1.6 milhões de fumadores em 2005, creio que significa que a maioria dos fumadores aceita a ideia de sair para fumar sem grandes problemas. É um bocado incómodo, mas nada de mais...

Por último, compreendo que os bares e as discotecas sofram ao início, mas acho que é uma questão de hábito. A coisa mais importante de sair à noite é fumar? Se não se puder fumar dentro do bar/discoteca, não vale a pena ir? A música, os copos, os amigos, são acessórios? Quanto às queixas das associações de restaurantes, sejamos sérios. Se um cliente de um restaurante diz que não volta porque não pode fumar, acho que isso não diz muito sobre a comida.



Retirado do Público de 31.01.2007

Quebras de receita chegam aos 70 por cento no primeiro mês da nova lei
Discotecas e restaurantes com menos clientes devido à proibição de fumar
31.01.2008 - 10h56
A restrição de fumar está a afastar clientes das discotecas, bares, restaurantes e cafés, provocando quebras de receita que chegam a atingir os 70 por cento em alguns estabelecimentos. Perante as quebras, já há empresários a ponderar despedir funcionários.

Um mês após a entrada em vigor da lei do tabaco, os espaços de diversão nocturna são os mais afectados. O presidente da Associação Nacional de Discotecas assegura que “o número de clientes registou este mês uma quebra na ordem dos 30 por cento”, comparativamente a Janeiro do ano passado.

“Não só há uma redução de clientes, como há uma redução do consumo por parte de quem vai às discotecas”, afirmou Francisco Tadeu, em declarações à Lusa, ressalvando, contudo, não estarem ainda contabilizados os prejuízos decorrentes deste decréscimo.

Já na região Norte, a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) realizou um inquérito junto de 250 estabelecimentos para calcular a quebra de receitas. As conclusões são “assustadoras”, segundo o presidente daquele organismo, António Fonseca.

“Nos bares da moda, as quebras de receitas rondam os 30 a 40 por cento e nos outros estabelecimentos, que são a grande maioria, atingem os 70 por cento”, assegurou o responsável, baseando-se no inquérito concluído esta semana.

Bom tempo vai ajudar esplanadas

De acordo com a ABZHP, a situação é tão grave que muitos empresários começam a equacionar a possibilidade de despedir funcionários ou de celebrar contratos precários de prestação de serviços.

António Fonseca prevê que o panorama se venha ainda a agravar com a chegada do bom tempo, uma vez que “as esplanadas vão ter mais gente e penalizar todos os espaços interiores”.

“Muito preocupados” estão também os donos de restaurantes e cafés, segundo Ana Jacinto, secretária-geral adjunta da Associação de Restauração e Similares de Portugal (ARESP).

“Há muitos clientes que dizem que não vão voltar, depois de se aperceberem que o restaurante é não fumador”, exemplificou a responsável, adiantando que “os espaços da noite e os restaurantes de topo são os mais afectados porque têm uma clientela maioritariamente fumadora”.

Os únicos com motivos de satisfação são os restaurantes para fumadores, que representam apenas 10 por cento do sector. Para estes, a nova Lei do Tabaco traduziu-se num aumento do número de clientes. “Por isso, os restaurantes estão gradualmente a tornar-se espaços para fumadores”, afirmou Ana Jacinto.

Se pudessem, discotecas escolhiam ser para fumadores

Já os proprietários de discotecas não têm dúvidas em afirmar que, se houvesse liberdade de escolha, a grande maioria optaria por ser de fumadores. De acordo com o inquérito realizado pela Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, 80 por cento dos estabelecimentos optariam pelo dístico azul, caso tivessem essa possibilidade.

Nesse sentido, a Associação Nacional de Discotecas reclama uma alteração legislativa no sentido de dar aos proprietários a liberdade de decidir, tendo lançado uma petição que já recolheu mais de cinco mil assinaturas.

De acordo com o dirigente da associação, o documento deverá ser entregue ao presidente da Assembleia da República já no início de Fevereiro.

Apesar das críticas, nenhum estabelecimento foi alvo de uma coima, uma vez que “as discotecas estão a cumprir integralmente a legislação a nível da extracção de fumos e da quota para fumadores”, adiantou Francisco Tadeu.

Director-geral de Saúde aplaude cumprimento da lei

Indiferente à contestação, o director-geral de Saúde garante que “não há nenhuma questão polémica” em torno da nova Lei.

“O balanço que faço do primeiro mês de aplicação da lei do tabaco é altamente positivo. Há motivos para aplaudirmos os portugueses, que estão a cumprir a lei nos locais de trabalho, nos restaurantes, cafés e bares, ou seja em todos os recintos fechados de utilização colectiva”, afirmou à Lusa Francisco George.

De acordo com dados da GNR, entre os dias 7 e 27 de Janeiro foram levantados apenas 43 autos por violação da Lei do Tabaco, tendo sido ainda detidas três pessoas por desobediência.

“Dos 43 autos, 19 foram por iniciativa da Guarda e 22 por denúncias de terceiros”, especificou à Lusa o tenente-coronel Costa Cabral, acrescentando que todos os autos foram remetidos para a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

A agência Lusa também contactou a PSP e a ASAE, mas nenhuma das entidades dispunha de dados relativos a esta matéria.