Por mais que se tente travar o avanço do tempo, por mais peelings de fenol que se possam fazer, o que é certo é que a malta vai envelhecendo. Devagarinho, eu sei. Apenas um dia de cada vez. Mas muitos dias fazem um ano e os anos somam-se em lustros e décadas.
É certo que o sistema de -inhos/inhas e -ões/onas que o MEC desenvolveu nos ajuda a todos a lidar com o fenómeno, mas, por vezes, olhamos para os membros mais novos da família, os primos bebés, e percebemos que eles têm 18 anos e estão a tirar a carta ou a ir para a faculdade... Aí as coisas tornam-se mais assustadoras.
Além desse, fui reconhecendo outros sinais exteriores de inevitável velhice... Os meus são estes (entre outros, tenho a certeza, mas não posso estar aqui a enumerá-los todos para não ficarem a pensar que eu sou muito mais velha do que realmente sou):
1. Quando era pequena, adorava que me conduzissem depressa; olhava para o conta-quilómetros e adorava vê-lo roçar os 200. Hoje, a velocidade não me atrai assim tanto. Chego a apoiar-me no tablier e no suporte por cima da janela quando me sinto conduzida a velocidade excessiva. Isto, claro, para não falar de levar o pé ao "travão", mesmo no lugar do passageiro.
2. Durante anos a fio, ansiamos pelo nosso dia de aniversário. Sabemos a idade na ponta da língua e é difícil esperar que passe mais um ano, tal é o desejo de crescer. Quando se passa a ter de calcular a idade, é um sinal incontornável de idade acumulada.
3. É certo que tenho algo de control freak, misturado com OCD, o que é capaz de se notar num lado hipocondríaco que se tem vindo a acentuar. Daqui a uns anos, serão bicos de papagaio e dores nas cruzes.
4. Tal como o Calvin, passava a vida a ver coisas nojentas no meu prato, monstros verdes e essas coisas. Hoje em dia, como sopa todos os dias, saladas, vegetais (até cozidos, dos quais ainda não gosto muito, o que significa que há mais para onde evoluir) e, sobretudo, passei a gostar de azeitonas. Isto é de gente crescida, não?;
5. O meu nível de organização sempre foi, por assim, dizer, um caos organizado. É um método muito próprio, que fui desenvolvendo com requinte ao longo dos anos. No entanto, como quem não quer a coisa, fui vindo a ser tomada por uns ímpetos de arrumação cada vez mais frequentes. É a decadência...
6. Por último, a família. Durante décadas, eu e os meus amigos éramos a parte mais nova da família: os filhos, os netos, os sobrinhos. De um momento para o outro, passámos a ser os maridos, as esposas, os pais, os tios. É certo que ainda não chegámos aos avós, mas para lá caminhamos a passos largos...
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