Saturday, October 13, 2007

Madrid, o japonês e noites brancas

Estive recentemente em Madrid. (Infelizmente, o regresso estava marcado para um dia antes da abertura da retrospectiva da Paula Rego, pelo que não posso falar disso...) Madrid é fenomenal.
Provavelmente, isto é extremamente provinciano da minha parte, que nunca tinha estado em Madrid, mas senti-me, sem qualquer dúvida, numa grande cidade, cosmopolita, com dimensão verdadeira de capital. Se o encanto de Lisboa poderá vir das ruas estreitas e calçadas íngremes do centro histórico, creio que o de Madrid está na grande dimensão das avenidas, das praças, dos paseos, na imponência dos edifícios. Faz-nos sentir pequenitos, mas impõe respeito. Ahhhh, claro... Aquele pequeno pormenor de haver um parque com o tamanho do Retiro, mesmo no centro, também não é de desdenhar.

Andei bastante a pé (espaço não falta), visitei museus (alguns, mas não todos, que não foi assim tanto tempo), vi as vistas e provei tapas, mas não tirei fotos nenhumas, porque não tinha máquina. Por isso, o japonês que existe dentro de mim (ao lado do geek e da cabra cínica) quase sente que esta visita não contou. É um bocado idiota esta necessidade de registar momentos através de uma lente, mas multiplica infinitamente o gozo que tiro de uma vista. Note-se que até podia andar a carregar a máquina três dias e não me apetecer tirar uma única foto (improvável, mas possível), mas a impossibilidade de não tirar fotos é quase angustiante. Ainda pensámos em comprar uma máquina compacta (visto que já está previsto que o façamos desde há uns tempos), mas o meu Scrooge interior não deixou o japonês levar a dele avante. O japonês ficou um pouco amuado, mas lá teve que se acostumar à ideia; a cabra cínica só se ria e fartou-se de gozar com ele todo o fim de semana, enquanto o geek desesperava e pedia silêncio para poder apreciar melhor os quadros.

Tivémos ainda a sorte de estar em Madrid numa Noche en Blanco, uma iniciativa cultural que ocorre em em várias cidades europeias. Os museus, jardins, teatros e mesmo espaços que não são abertos ao público abrem à noite, para aí das 9 da noite às 3 da manhã. Além disso, há animação de rua, exposições, teatro, concertos, dança, e mais um monte de coisas, tudo numa noite... Tudo à borla... O sonho, não? Sim, muito provavelmente. É uma ideia óptima, à qual espero que Lisboa adira um dia destes. Madrid aderiu em peso e estava tudo na rua, com filas de duas horas para muitos dos locais a visitar. Percebi então que a estratégia tem que ser outra: escolher o que mais se quer ver e ir para essa fila. É pouco provável que dê para muito mais, com os tempos de espera. De qualquer modo, se tivemos a sorte de estar em Madrid numa noite dessas, tivemos o azar de choveeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeerr. Grrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! Acreditam nisto??? Resultado: apanhámos uma molha valente e voltámos para o hotel sem ver nada porque estávamos ensopados. Moral da história: Numa situação semelhante, esperem que a chuva passe antes de sair; quando se está ensopado, a disponibilidade mental para ver seja o que for é significativamente reduzida.

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