Tuesday, December 25, 2007
Wednesday, December 12, 2007
Os teens também reinvidicam
Pois, tudo isso é uma grande mentira. Acabei de ver uma reportagem sobre um protesto frente a uma escola secundária em Lisboa, em que os alunos reividicavam (tinham assim ar de teens em fim de linha, mas se nós ainda somos os jovens, aqueles garotos malvados que nos tratam por senhor/a inserem-se no mesmo grupo etário?).
Eu, que apanhei a entrevista em directo a meio (provavelmente só vi a parte boa), não percebi bem, mas fiquei com a ideia de que a principal razão do ajuntamento era protestar contra as condições da escola. No entanto, no meio da conversa, a teen entrevistada sai-se com algo do género:
"Ah... E protestamos também contra os exames nacionais. Somos contra os exames nacionais. Supostamente, os exames são para avaliar toda a gente por igual, mas isso é mentira, porque há pessoas que têm dinheiro para explicadores e outras não. E assim não vamos em igualdade de condições."
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Eu, fascizóide defensora dos exames, até fico basbaca. Exigir melhor qualidade de ensino, para que ninguém precise de explicações, não. Mas acabar com exames, sim. Parece-me uma escolha muito acertada.
Tuesday, December 11, 2007
Thursday, December 06, 2007
D. Sebastião deve estar a chegar
Tuesday, December 04, 2007
Anger-management needed
Monday, December 03, 2007
Sete cookies
Na realidade, este foi o resultado:
E aqui, em close-up:
Não se enganem, apesar deste aspecto miserável, o meu cookie gigante e disforme estava bastante aceitável em termos de sabor e desapareceu rapidamente.
No entanto, se alguma alma caridosa tiver uma receita de cookies jeitosa, daqueles bons, mas bons, meios peganhentos quando estão quentes, que ma envie, por favor.
Thursday, November 29, 2007
Fúria, de Salmon Rushdie e The Last Testament, de Sam Bourne
O que tenho a dizer pelo livro é pouco, pouquinho. Creio que este livro teve azar e me apanhou numa fase da vida em que não estava muito para aí virada, pelo que, se o meu protoneurónio apreendeu metade daquilo que havia para apreender, já foi muito. Demorei séculos a lê-lo, o que nunca ajuda. Havia noites em que devo ter lido três linhas ou talvez apenas três palavras. É bastante introspectivo, com uma acção que é apenas um acessório para nos dizer aquilo que se passa na mente talvez meia louca de Malik Solanka. Cheguei ao fim, mas penso que, se tivesse sido honesta, o teria abandonado a meio, reconhecendo que não seria possível lê-lo agora. Tenho ali mais um ou dois livros de Rushdie e dar-lhe-ei uma segunda oportunidade, quando o protoneurónio estiver com mais disponibilidade para o mundo.
Face a este desastre, decidi que só poderia ler livros de consumo rápido, sem sentidos obscuros por detrás do texto ou que me fizessem questionar muito sobre o sentido da vida.
Calma, calma, desesperada, mas não tanto... Não foi desta que fui comprar o novo êxito de Margarida Rebelo Pinto. Nada disso. Antes, The Last Testament, de Sam Bourne. Como eu esperava, não desiludiu. Lido em três tempos, verdadeiramente relaxante, é uma daquelas histórias de conspiração internacional e mistério que estão tão na moda nos dias que correm. Não é uma grande obra da literatura, mas cumpriu a sua função.
Agora, passei para mais um mistério do Inspector Montalbano, de Andrea Camilleri, traduzido em inglês, The Snack Thief.
Durante uns tempos, creio que as minhas escolhas de leituras, à excepção de interessantes papers, continuarão nesta linha light.
Tuesday, November 27, 2007
O futuro? ou Cruz, credo, abrenúncio!
No entanto, quando passo pelas páginas do staff de algumas universidades espalhadas mundo fora, ao olhar para as fotos dos cientistas, não posso deixar de me perguntar se é para isto que eu algum dia irei caminhar.
PS: Este post é da total responsabilidade da cabra cínica que vive dentro de mim. Escusado será dizer que o geek interior se passou completamente com isto e teve que ser amarrado e amordaçado durante a escrita da mensagem.
Tuesday, November 20, 2007
Friday, November 16, 2007
Natal ou não Natal, eis a questão!
Mas não há frio, nem chuva, nem neve (neve era óptimo, mas eu já nem pedia tanto), nem espírito. Essa coisa a que se chama espírito natalício ainda não se apoderou de mim este ano. Não sei quando chegará (se é que vai chegar de todo...), mas espero que seja para breve. Aqui se vê que eu sou a perfeita moaner, nunca satisfeita com nada, se chove, é porque chove, se está sol, é porque está sol.
Se o tal espírito não me tomar entretanto, peço desculpa, mas não sei se haverá prendas para alguém este ano. De qualquer modo, vocês sabem o quanto eu gosto de vós, por isso, essa coisa de demonstrações materiais de carinho ou de sei lá o quê é um pequeno pormenor. Certo?
Espero, no entanto, que não seja tomada por um espírito tardio. Não gosto de compras de última hora, nem de correrias, nem de ruas e lojas cheias de gente. Esta é uma escolha que requer calma e ponderação. Aliás, nos dias que correm, talvez seja o melhor e o mais valioso que tenhamos para oferecer, o tempo, que a calma e a ponderação requerem.
Talvez tenha esgotado o espírito. Talvez o espírito seja como os óvulos. Já nascemos com eles todos e vamo-los "perdendo" ao longo da vida. Talvez seja isso com o espírito. Usei demasiado espírito no passado e agora, népia... Acabou-se. Durante anos a fio, fui responsável por organizar as compras lá em casa, além de comprar as prendas que eu queria oferecer, comprava ainda outras para terceiros oferecerem a terceiros. Enfim, um Pai Natal, em versão de cachopa, mas sem fábrica de duendes. Era uma tarefa complicada, ter ideias originais para o que a família gostaria de receber, às vezes em triplicado. Mas acho que eu sempre gostei. Era a minha tarefa. Fútil, dirão vocês. Talvez, mas era a minha.
É certo que o Natal não é o que era. A mesa de Natal foi-se esvaziando, de cadeiras e de doces. Essa a tarefa da minha avó, que ela desempenhava como ninguém. Azevias, sonhos, filhós (ou "ozes", ou lá como se diz), pudim cor de rosa, brisas, rissóis de camarão, carne branca... Alternadamente, os petiscos preferidos de cada um nós, feitos com o empenho, a dedicação e o amor das avós que cozinham "melhor có que todos" no mundo. Ela não gostava do Natal, dizia que lhe fazia lembrar as pessoas que já não estavam na mesa e que isso a entristecia, mas fazia-nos a festa em miúdos e foi sempre fazendo enquanto pôde. Agora que já não está na mesa, o Natal é mais triste, é mais frio, é menos confortável e é menos doce. É menos Natal.
Faz-me muita falta.
Thursday, November 15, 2007
O vizinho
Wednesday, November 14, 2007
Monday, November 12, 2007
Thursday, November 08, 2007
Ainda mais docs...
1. Nenhum dos filmes que nós vimos ganhou a competição internacional do DocLisboa (não vimos nenhum dos docs nacionais) ou qualquer outro prémio, o que me gera bastante curiosidade para ver os premiados O que ganhou foi "These Girls", de Tahani Rached, que fala sobre a vida de adolescentes que vivem nas ruas do Cairo. Se virem, avisem se é fixe. Aqui têm uma notícia que vos diz todos os premiados, caso estejam interessados.
2. Está nas salas de cinema Sicko, o último "documentário" de Michael Moore. No seu estilo habitual, MM desfaz o sistema de saúde norte-americano. Na minha opinião, desponta algum orgulho sobre sermos Europeus, fixes, com sistemas de saúde estatais, que dão atenção a todos. É certo que sabemos todos que os nossos sistemas têm falhas e grandes buracos orçamentais, mas esse pedaço não aparece. Nem faz falta na argumentação de MM. De qualquer modo, devo confessar que concordo com os princípios ideológicos em que assentam os nossos sistemas de saúde e que a privatização da saúde me assusta bastante. No entanto, também é claro que temos bastante espaço para crescer no sentido de prestar um melhor serviço. Por último, sobre MM, acabámos por ir ver, inesperadamente, um documentário em que ele passa para o outro lado das câmaras e... não se sai particularmente bem. Para mais informação, "googlem" Manufacturing Dissent.
Wednesday, November 07, 2007
Tuesday, November 06, 2007
Construindo e destruindo
Que erguem silêncios.
Que erguem muros.
Que erguem silêncios.
Que erguem muros.
...
Por vezes, abrem-se portas, janelas ou apenas pequenas frinchas nesses grandes, enormes muros, quase muralhas. No mesmo instante, desfazem-se os silêncios.
Monday, November 05, 2007
Online shopping
No entanto, de volta à santa terrinha, voltei ao belo do supermercado, hipermercado ou mercearia aqui da esquina, conforme o volume de compras e da pressa.
Foi só há pouco tempo que resolvi experimentar a maravilha das compras online em terras lusas. O site está muito jeitoso, navega-se bem, as fotos estão catitas, mas está tão lento, tão lento, tão lento, que creio que me demorou tanto a fazer as compras online como demoraria no supermercado. Acho que só terminei as compras por uma questão de teimosia, mas levantei-me algumas vezes durante o processo para respirar um bocadinho. (Resta-me pensar que já tenho lista feita para a próxima, pelo que estou à espera que seja mais rápido...)
Depois deste pequeno grande contratempo no início, o serviço foi impecável: telefonaram a perguntar o que queríamos como substituições de alguns produtos e, na loja (escolhemos a opção de entregar lá), foram super simpáticos connosco, mesmo quando nos queixámos da lentidão do sistema. É só tratarem de arranjar algo mais rapidinho e têm cliente.
Sunday, November 04, 2007
6 months later
Não sei bem se conta como rezar, mas eu também desejo que ela pudesse aparecer, sã e salva. Amanhã, se for possível. Não quero, nem consigo acreditar que se finja o rapto de um filho e não me parece que seja possível ou sequer inteligente montar tamanho circo mediático, caso houvesse culpa pelo meio. Ou, pelo menos, mais culpa do que aquela que eles sentem por não terem estado lá naquela noite.
Pode ser que venha a ter que engolir estas palavras todas, mas espero sinceramente que não.
Saturday, November 03, 2007
Divulgação
Hotel - A História
(Semi) Recta
Tílias
Thursday, November 01, 2007
Hot House
Hot House, realizado por Shimon Dotan, é tal como The Devil Came on Horseback, um documentário político. Fala-nos de outro dos conflitos que nos assolam, este em aberto há anos entre Israelitas e Palestinianos, mas longe ainda de um resolução fácil à vista.
No entanto, embora seja político como o filme anterior, afasta-se dele por ser um filme cinzento. Ver cadáveres amontoados, corpos carbonizados e mutilados gera revolta, ira, impotência, necessidade de actuar, de dizer basta, que isto não pode mesmo, de maneira nenhuma, ser assim. Gera até vontade de não deixar em muito bom estado as pessoas responsáveis por estes crimes. Mas não gera grandes dúvidas.
Neste caso, foca-se um ponto muito específico da relação entre Israelitas e Palestinianos, no qual nos é dada uma visão longe de facilitismos do preto e branco, certo e errado, bons e maus. Convida-nos, sem dúvida, à reflexão não só sobre o conflito, mas sobre a relação com os outros, sobre diferenças e igualdades, sobre o ódio e a tolerância.
Este documentário mostra entrevistas de presos palestinianos em Israel. Não o típico preso, calculo eu, mas algumas das "grandes figuras" da Fatah e do Hamas. As prisões escolhidas também não devem ser as típicas prisões, pois, dentro daquilo que uma prisão pode ter "bom aspecto", estas tinham-no.
Dentro destas prisões (uma de homens e uma de mulheres, cujos nomes, não me lembro), há hierarquias e grupos bem definidos: celas para homens da Fatah e do Hamas, que acompanham os movimentos das suas facções no mundo exterior e tentam intervir sempre e como podem. A comunicação com o exterior é um dos grandes problemas de segurança para os responsáveis pela prisão, não pela intervenção na vida política dos partidos, mas pelo planeamento e coordenação de atentados.
A participação e planeamento de atentados terroristas é aliás a causa pela qual muitos dos entrevistados estão na cadeia, grande parte com penas elevadas (demasiado elevadas, em alguns casos, pareceu-me a mim). Ao longo do filme, vão falando dos motivos que os levaram à prisão, das forças de ocupação, do seu envolvimento na Fatah e no Hamas, da sua vida diária na prisão e da Jihad. Mas, com muito poucas excepções, todos eles têm um discurso racional, distante de radicalismos inflamados. Claro que é um discurso contra as forças de ocupação, que lhes negam continuamente o direito à terra e ao país, que fazem com que inúmeros Palestinianos tenham vivido toda a vida num campo de refugiados, mas os seus argumentos são maioritariamente de políticos, não de extremistas religiosos. Falam da Jihad com algo que lhes pareceu a única alternativa para lutar uma guerra desequilibrada e a maioria lamenta as baixas civis, que reconhecem acontecer dos dois lados. É uma "alternativa" muito, mas muito discutível, eu sei.
Contra os estereótipos, estas pessoas, presas como terroristas, muitas envolvidas em ataques suicidas, não têm um aspecto de loucos perigosos, não parecem bandidos sanguinários. Têm, isso sim, um discurso político, informado, reivindicativo dos seus direitos, que nos faz inevitavelmente perguntar porque raio é que eles estão na prisão. Grande parte dos detidos usa a sua pena para estudar, para ler; muitos têm graus da Universidade Hebraica (o estudo em árabe é proibido), elegendo quase sempre Política Internacional ou algo semelhante. Acho até que nos identificamos com eles ao longo do filme. O que faríamos nós se fosse o nosso país?
Mais para o final, as declarações mais chocantes: um rapaz diz que se tivesse filhos, que os armava e os mandava para a guerra; uma mulher sorri enquanto lhe é dito que oito crianças israelitas morreram num atentado que planeou e a mesma mulher tenta defender que ao enviar um bombista suicida para um atentado lhe estava a conceder o seu maior desejo e que era, por isso, como dar dinheiro a um pobre.
E ficamos cheios de dúvidas. Não é justo que os Palestianos não tenham direito à sua terra, do mesmo modo que não é justo que se expludam autocarros e restaurantes para a recuperar. Israel impõe-se frequentemente usando uma força completamente desproporcionada para "impôr respeito" entre os seus vizinhos, mas será que se isso lhes dá carta branca para matar?
A minha cabeça é pequenina e há coisas que eu não consigo entender. Sei que elas existem, percebo como se originam e porque é que têm sucesso, mas não as compreendo. Uma delas é este sentimento estranho que leva à ideia de que a vida de alguns vale menos do que a de outros (será que é ódio?) e como tal, o facto de se atentar contra a sua vida não é grave, porque a vida deles quase nem conta, ou porque foram eles que começaram, ou porque eles são nitidamente maus, ou porque eles são todos terroristas, ou porque é preciso mostrar uma posição de força ao governo deles. Não sei bem, mas talvez a base do problema esteja nesta grande distinção entre nós e eles.
Wednesday, October 31, 2007
Sunday, October 28, 2007
The Devil Came on Horseback
Fomos, na quarta-feira, ver The Devil Came on Horseback, ao cinema Londres. (Embora não esteja directamente relacionado com o filme, devo dizer que o grande auditório da Culturgest, é bem mais confortável.) Este documentário, realizado por Annie Sundberg e Ricki Stern, mostra o testemunho de um ex-capitão do US Marines, Brian Steidle, durante os seis meses que esteve no Darfur, como observador não armado.
No início, é-nos dado um curto background sobre Brian: cresceu numa típica família dos EUA, com uma longa tradição militar. Por isso, alistar-se no exército foi uma escolha fácil e natural para ele. Quando acabou o seu contracto com o exército americano, aceitou um emprego como observador no Darfur. O seu trabalho, com base no sul do país era monitorizar o cessar fogo com o norte. Os dias lá passavam sem agitação de maior, mas chegavam constantemente rumores de confrontos e problemas na região mais a oeste, o Darfur.
Brian decide então concorrer para uns lugares que a União Africana abriu para ocidentais integrarem os seus grupos de observadores no Darfur. Mais uma vez, o seu trabalho era monitorizar o cessar fogo, mas agora entre os rebeldes do Darfur e o governo. Aqui podem ter acesso ao site da associação porDarfur e ler mais sobre as razões históricas que levaram a este conflito, mas, basicamente, o governo e os Janjaweed (milícias árabes armadas e treinadas também pelo Governo) estão a tentar exterminar a população negra do Darfur, em resposta à acção de grupos rebeldes que lutavam por mais direitos e autonomia para os negros, que são historicamente eram escravizados pelos árabes. Ambos os grupos praticam maioritariamente o islamismo e ambos falam árabe. Não é uma questão religiosa, mas étnica.
Estando numa missão de monitorização, o seu papel era apenas (e mais uma vez) de observador: tinha que registar qualquer quebra do cessar-fogo, não podendo intervir em qualquer situação. Mesmo que pudesse, certamente que desarmado não iria muito longe. A sua arma mais poderosa durante este tempo foi provavelmente a lente da objectiva, o que se tornou algo frustrante. Seis meses e muitos relatórios depois, Brian sente-se impotente perante as atrocidades que testemunhou e decide abandonar o Sudão.
Quando volta para a América, leva consigo todas as provas do genocídio a que consegue deitar as mãos. Algum tempo mais tarde, as suas fotos são publicadas (no Washington Post, se não estou em erro) e a partir daí começa, com efeito bola de neve, uma campanha sobre o que viu. Foi a talkshows, fez comícios e palestras e chegou mesmo a ser recebido por Condoleeza Rice. Mas se sentiu impotência e frustração no Darfur, não os sente menos de volta a casa. Embora seja visível que a sua mensagem vai passando e que há pessoas a manifestar-se ao lado dele na rua, sente também que, no terreno, nada tinha mudado.
No Darfur, Brian tinha pensado muitas vezes que o mundo assitia impávido porque não sabia do que se passava. Não havia jornalistas no Darfur e fotos como as suas eram extremamente raras nos nossos telejornais. Assim que o mundo soubesse que se matavam e violavam pessoas, que se queimavam aldeias inteiras por questões étnicas, não teria outra escolha se não intervir. Constatar que assim não era foi um golpe duro para Brian.
Este foi um documentário muito diferente do anterior. Um documentário nitidamente político, que nos mostrou imagens que já vimos, mas que precisamos de continuar a ver até que haja suficiente pressão internacional para que se possa parar com isto. Ao longo do filme, pensei diversas vezes, como as imagens de Brian me lembravam os filmes que vi sobre o genocídio do Ruanda (Shooting Dogs e Hotel Ruanda). Embora esses tenham sido ficção, foram ficção sobre algo que tinha verdadeiramente acontecido e pensar nisso é assustador. Por isso, pensar nas imagens de Brian, que não são de todo ficção, é mais assustador ainda.
Nota: O Governo do Sudão decretou por estes dias um cessar-fogo unilateral no Darfur em resposta a pressões da ONU. Mas ainda não estou muito certa que seja desta que acabe o genocídio.
Governo do Sudão decreta cessar-fogo - Expresso 27 Outubro 2007
Brian Steidle
The Devil Came on Horseback
DocLisboa - 24 Out 2007
Saturday, October 27, 2007
Direitos Humanos
Tuesday, October 23, 2007
A outra
Cortar o cabelo.
Comprar roupa nova.
Pintar as unhas de vermelho.
Fazer uma tatuagem.
Usar um colar.
Aplicar maquilhagem.
São pequenas mudanças, atractivas sobretudo nas alturas em que me apetece muito ser outra que não eu.
Sunday, October 21, 2007
Santiago
Numa palavra, adorei.
Ia um pouco à aventura. Pelas descrições fornecidas no programa, este tinha parecido interessante, mas não tinha bem certeza do que iria ver. Poderia, de um modo igualmente fácil, ser aborrecido, pretencioso ou demasiado "artístico" ou rebuscado. Não foi. E ainda bem.
Santiago é o último documentário de João Moreira Salles, um dos quatro filhos do banqueiro e embaixador brasileiro Walter Moreira Salles, fundador do banco que se tornou no actual Unibanco. Dos seus irmãos, apenas Pedro seguiu as pesadas do pai e, segundo a Wikipédia, é gestor no Unibanco; Fernando é editor e Walter Jr. é realizador (dirigiu Central do Brasil e Os Diários de Che Guevara).
Mas voltemos a João e ao seu documentário Santiago. Este é um filme sobre um outro filme que nunca chegou a ser.
Em 1992, João tinha decidido fazer um documentário sobre Santiago, o mordomo argentino que trabalhou na Casa da Gávea, uma luxuosa mansão no Rio de Janeiro, onde João viveu com a família até aos seus 20 anos de idade. Para esse documentário, Santiago foi filmado em diversas divisões da sua casa, um apartamento no Leblon, onde vivia sozinho. Envolto em enquadramentos severos (como o próprio realizador afirma), numa imagem a preto e branco, Santiago falou de si, da sua infância, da experiência na Casa da Gávea e dos seus "amigos" durante cinco dias de filmagens. Durante esse tempo, repetiram-se cenas, discursos, poses. João sabia o que procurava, as imagens estavam na sua cabeça e, para que saíssem como ele as tinha visto, ia dando instruções precisas e rigorosas ao seu personagem. No entanto, apesar das notas, dos planos rigorosos, de uma direcção definida, João não conseguiu montar o filme. Foi o único filme que deixou por acabar. Santiago morreu alguns anos depois das filmagens.
Quinze anos mais tarde, João volta a pegar no seu material de 1992 e surge Santiago. Um documentário em jeito de confissão e penitência. Nele, João reflecte sobre si próprio, sobre o filme que teria feito em 92, sobre a diferença que sente nos quinze anos que passaram. Mostra-nos aqui o que nunca é mostrado: os guiões, os tempos de espera, as repetições, as ordens, os pequenos pormenores de improviso ensaiados. Mostra um João arrenpendido por não ter deixado de ser "o filho do patrão", dirigindo o seu velho mordomo. Mostra-nos ainda a riqueza de Santiago; sem dúvida, um personagem magnífico, mas, acima de tudo, um homem impressionante. Culto, sensível, poliglota, com uma memória invejável e uma grande diversidade de interesses.
Aquando das filmagens, Santiago (segundo as palavras do próprio) vivia "muito contente; não feliz, mas muito contente", no seu apartamento. Embora vivesse sozinho, sentia-se, no entanto, acompanhado pelos personagens históricos cujas vidas ele estudava com afinco. Ao longo de trinta anos, dactilografou, numa velha máquina de escrever, mais de trinta mil páginas cheias de vidas de outros. Famílias aristocráticas, dinastias e linhagens, civilizações antigas, músicos, actores e bailarinos famosos; eram esses os seus "amigos" de longa data. Não eram todos iguais: havia preferidos, os que o encantavam, mas havia alguns que ele desprezava e classificava de bandidos e traidores. As suas vidas, as histórias, as intrigas fascinavam-no e ele ia copiando e compilando, juntando, quando considerava acabado um dado assunto, as folhas em maços que atava com uma fita que mandava vir de Paris.
Para saberem mais, vejam o filme. Na minha opinião, a não perder.
Instituto Moreira Salles
IMDB - João Moreira Salles
DocLisboa - 20 Outubro 2007
Saturday, October 20, 2007
Friday, October 19, 2007
Wednesday, October 17, 2007
Diga lá Excelência
Retirado do Público, 17 de Outubro de 2007
James Watson, Nobel da Medicina em 1962, um dos homens responsáveis pela descoberta da estrutura molecular do ADN, a dupla hélice da vida, precursor da genética, acredita que os negros são menos inteligentes que os brancos. As suas declarações, publicadas num trabalho no “Sunday Times”, de domingo passado, estão a envolver o cientista, mais uma vez, numa acesa polémica.
Não é a primeira vez que James Watson, já com 79 anos e responsável pelo prestigiado laboratório de Cold Springs, suscita polémica com as suas declarações politicamente incorrectas. Em 1997 afirmou, também numa entrevista ao britânico “Telegraph”, que, se um dia se descobrisse que a homossexualidade está gravada nos genes, então que as mães de bebés com esses genes deveriam ter o direito de abortar: “Disse que deviam ter esse direito porque quase todas gostavam um dia de ter netos”, recordou agora na entrevista de domingo do “Sunday Times”.
Agora Watson, que se prepara para publicar mais um livro (“Avoid boring people: lessons from a life in Science”), e que anseia pelo dia em que os cientistas deixem a tarefa de falar politicamente correcto... para os políticos, defende que, geneticamente, os brancos são mais inteligentes que os negros.
“Toda a nossa política social está baseada no facto da inteligência deles [dos africanos] ser a mesma que a nossa. Mas todas as experiências dizem que não é bem assim”, afirma, para depois acrescentar: “Quem tenha que lidar com empregados negros sabe que isto não é verdade”.
Segundo a Unesco, a discriminação de raças com base em pressupostos científicos carece de fundamento e é contra os princípios morais e éticos da humanidade. Mas Watson não entende assim a questão: “Tudo o que conta para mim é a ciência pura”, diz na entrevista. Citado pelo “Independent”, Steven Rose, investigador em biologia da Open University e membro da Sociedade para a Responsabilidade na Ciência, uma das vozes que se insurgiu contra as declarações, afirma: “Se Watson lesse com atenção tudo o que tem sido publicado nesta área concluiria que não percebeu nada do que foi descoberto até agora”.
Ao que parece, este é o senhor que escolheram para Presidente da Comissão Científica da Fundação Champalimaud.
Na altura, achei bizarro.
Agora digo: "eu bem disse que era bizarro."
Tuesday, October 16, 2007
Parabéns a nós!
Se fosse hoje, dizia que SIM outra vez! Espero que pensemos assim durante muitos e bons anos.
Monday, October 15, 2007
Coisas da idade
É certo que o sistema de -inhos/inhas e -ões/onas que o MEC desenvolveu nos ajuda a todos a lidar com o fenómeno, mas, por vezes, olhamos para os membros mais novos da família, os primos bebés, e percebemos que eles têm 18 anos e estão a tirar a carta ou a ir para a faculdade... Aí as coisas tornam-se mais assustadoras.
Além desse, fui reconhecendo outros sinais exteriores de inevitável velhice... Os meus são estes (entre outros, tenho a certeza, mas não posso estar aqui a enumerá-los todos para não ficarem a pensar que eu sou muito mais velha do que realmente sou):
1. Quando era pequena, adorava que me conduzissem depressa; olhava para o conta-quilómetros e adorava vê-lo roçar os 200. Hoje, a velocidade não me atrai assim tanto. Chego a apoiar-me no tablier e no suporte por cima da janela quando me sinto conduzida a velocidade excessiva. Isto, claro, para não falar de levar o pé ao "travão", mesmo no lugar do passageiro.
2. Durante anos a fio, ansiamos pelo nosso dia de aniversário. Sabemos a idade na ponta da língua e é difícil esperar que passe mais um ano, tal é o desejo de crescer. Quando se passa a ter de calcular a idade, é um sinal incontornável de idade acumulada.
3. É certo que tenho algo de control freak, misturado com OCD, o que é capaz de se notar num lado hipocondríaco que se tem vindo a acentuar. Daqui a uns anos, serão bicos de papagaio e dores nas cruzes.
4. Tal como o Calvin, passava a vida a ver coisas nojentas no meu prato, monstros verdes e essas coisas. Hoje em dia, como sopa todos os dias, saladas, vegetais (até cozidos, dos quais ainda não gosto muito, o que significa que há mais para onde evoluir) e, sobretudo, passei a gostar de azeitonas. Isto é de gente crescida, não?;
5. O meu nível de organização sempre foi, por assim, dizer, um caos organizado. É um método muito próprio, que fui desenvolvendo com requinte ao longo dos anos. No entanto, como quem não quer a coisa, fui vindo a ser tomada por uns ímpetos de arrumação cada vez mais frequentes. É a decadência...
6. Por último, a família. Durante décadas, eu e os meus amigos éramos a parte mais nova da família: os filhos, os netos, os sobrinhos. De um momento para o outro, passámos a ser os maridos, as esposas, os pais, os tios. É certo que ainda não chegámos aos avós, mas para lá caminhamos a passos largos...
Sunday, October 14, 2007
Saturday, October 13, 2007
Madrid, o japonês e noites brancas
Provavelmente, isto é extremamente provinciano da minha parte, que nunca tinha estado em Madrid, mas senti-me, sem qualquer dúvida, numa grande cidade, cosmopolita, com dimensão verdadeira de capital. Se o encanto de Lisboa poderá vir das ruas estreitas e calçadas íngremes do centro histórico, creio que o de Madrid está na grande dimensão das avenidas, das praças, dos paseos, na imponência dos edifícios. Faz-nos sentir pequenitos, mas impõe respeito. Ahhhh, claro... Aquele pequeno pormenor de haver um parque com o tamanho do Retiro, mesmo no centro, também não é de desdenhar.
Andei bastante a pé (espaço não falta), visitei museus (alguns, mas não todos, que não foi assim tanto tempo), vi as vistas e provei tapas, mas não tirei fotos nenhumas, porque não tinha máquina. Por isso, o japonês que existe dentro de mim (ao lado do geek e da cabra cínica) quase sente que esta visita não contou. É um bocado idiota esta necessidade de registar momentos através de uma lente, mas multiplica infinitamente o gozo que tiro de uma vista. Note-se que até podia andar a carregar a máquina três dias e não me apetecer tirar uma única foto (improvável, mas possível), mas a impossibilidade de não tirar fotos é quase angustiante. Ainda pensámos em comprar uma máquina compacta (visto que já está previsto que o façamos desde há uns tempos), mas o meu Scrooge interior não deixou o japonês levar a dele avante. O japonês ficou um pouco amuado, mas lá teve que se acostumar à ideia; a cabra cínica só se ria e fartou-se de gozar com ele todo o fim de semana, enquanto o geek desesperava e pedia silêncio para poder apreciar melhor os quadros.
Tivémos ainda a sorte de estar em Madrid numa Noche en Blanco, uma iniciativa cultural que ocorre em em várias cidades europeias. Os museus, jardins, teatros e mesmo espaços que não são abertos ao público abrem à noite, para aí das 9 da noite às 3 da manhã. Além disso, há animação de rua, exposições, teatro, concertos, dança, e mais um monte de coisas, tudo numa noite... Tudo à borla... O sonho, não? Sim, muito provavelmente. É uma ideia óptima, à qual espero que Lisboa adira um dia destes. Madrid aderiu em peso e estava tudo na rua, com filas de duas horas para muitos dos locais a visitar. Percebi então que a estratégia tem que ser outra: escolher o que mais se quer ver e ir para essa fila. É pouco provável que dê para muito mais, com os tempos de espera. De qualquer modo, se tivemos a sorte de estar em Madrid numa noite dessas, tivemos o azar de choveeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeerr. Grrrrrrrrrrrrrrrrrr!!! Acreditam nisto??? Resultado: apanhámos uma molha valente e voltámos para o hotel sem ver nada porque estávamos ensopados. Moral da história: Numa situação semelhante, esperem que a chuva passe antes de sair; quando se está ensopado, a disponibilidade mental para ver seja o que for é significativamente reduzida.
Friday, October 12, 2007
Thursday, October 11, 2007
Time Out
Com duas semanas de atraso (provavelmente, como a generalidade da minha vida nos dias que correm), cá vão os meus pensamentos sobre a nova revista "agenda" de Lisboa.
O facto de se conseguir publicar todas as semanas uma revista com aquela montanha de sugestões leva-nos a crer que Lisboa tem uma vida cultural super animada, como se quer de uma capital europeia que se preze. E em boa verdade, tem mesmo.
Haja tempo e dinheiro (como na maioria dos sítios, aliás) e há uma montanha de actividades à nossa espera. O grande problema reside no facto de que para ganhar o segundo, temos que sacrificar, muitas vezes, o primeiro... Tramado, não? Outro problema é que, como acabou de sair e está na moda, vai um maralhal de gente que normalmente não iria, gerando o caos e longas filas. (NOTA: Eu tenho até consciência que este segundo ponto não é um problema, é uma resposta positiva e interessada de um público sedento de actividade... É um sucesso compensador para a organização dos eventos... É só um problema para malta preguiçosa e invejosa como eu, que não gosta de multidões.)
Além das milhentas sugestões organizadas numa só agenda, com classificação e resumo, tenho outras razões, mais pessoais, para gostar da revista. A Time Out faz-me sentir mais perto de amigos que vivem noutras cidades mais ou menos longe, e que consultam, religiosamente, a sua própria Time Out. Ridículo, provavelmente, mas é o que é.
Friday, September 28, 2007
A solução
Para resolver isto, pensei em duas soluções:
a) um comprimido contra a preguiça crónica, que me faça mesmo levantar;
b) uma interacção privilegiada homem-máquina, em que o processador de texto vai registando as palavras que se formam na minha cabeça.
A minha preferida era obviamente a b). Depois, de manhã, ao invés da névoa habitual que me envolve, poderia rever aquilo que tinha escrito durante a noite...
Eu disse que naquelas alturas me parece bastante fluido, mas, à luz do dia, talvez precise de ser editado.
Tuesday, September 25, 2007
Afinal sou mesmo
Monday, August 20, 2007
A pior blogger do mundo
Sou eu. Muito provavelmente.
Isto é, definitivamente, a mania a falar por mim... Muito provavelmente, embora esteja longe de um blogger exemplar, até nem serei a pior, visto que, com posts mais ou menos irregulares, isto cá se tem mantido há uns tempos.
Não é que não tenha nada para dizer... Faço pelo menos um ou dois apontamentos mentais por dias de coisas sobre as quais gostaria de escrever, mas dos meus apontamentos mentais à acção ainda vai alguma distância.
Creio que assim que entre mais ou menos numa rotina vai ser mais fácil. Sobretudo quando essa rotina envolve estar sentada em frente de um computador a escrever e a ler papers...
Essa rotina, embora já tenha estado mais longe, ainda não chegou completamente. Desencaixotar a vida leva tempo. Mais tempo do que eu pensava, mas é do conhecimento comum que estimar o tempo que as coisas levam não é um dos meus fortes. Além de desencaixotar, tanto a vida em repouso, como a nova precisam de ser, por vezes, desempoeiradas, arejadas, aspiradas, lavadas antes de serem arrumadas, em sítio certo, prontas a usar.
Tuesday, August 07, 2007
Voltei voltei
De volta, para um casa amarela, onde se amontoam caixas de cartão.
De volta, para o sol e para abraços que se fechavam vazios há tempos que pareciam infinitos...
No entanto, ainda não tenho net e, como tal, a minha comunicação com o mundo não é muito fácil.
Tuesday, July 10, 2007
Tempo
Tenho a sensação de que andei três anos sentada e, agora de repente, tenho tudo para fazer... O que não é verdade, mas parece mesmo. Enfim, falta pouco. Espero que a sorte me acompanhe nestas semanitas que resta e que não haja muito troubleshooting a fazer.
Brrrrrrrrrrrr... Até Agosto...
Wednesday, July 04, 2007
Hiro
Não tenho é a certeza de que Hiro que se preze possa usar os poderes em seu próprio proveito.
Fora isso, creio que não haverá grandes novidades por aqui nos próximos tempos, embora tenha filmes e livros para comentar e tolices para discorrrer. Bem, também tenho PCRs para fazer e já se faz tarde.
Tuesday, June 26, 2007
Qual é qual?
a) Previsão do estado do tempo para Bristol para os próximos 10 dias.
b) Previsão do estado do tempo para Lisboa para os próximos 10 dias.
Figura 1
Figura 2
Source: www.weather.co.uk
Friday, June 22, 2007
Thursday, June 21, 2007
Águas pantanosas
Retirado do Publico, 20.06.2007
Aquele clinico e Antonio Vaz Carneiro, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.
É certo que a discussão da eutanásia é um terreno muito pantanoso, em que facilmente se perde o pé, mas esta afirmacao não o é menos.
Creio que é muito complicado estabelecer um limite para aquilo que podemos classificar aceitável para o sofrimento dos doentes. Tenho também muitas dúvidas se os cuidados paliativos adiantadíssimos conseguem dar a resposta necessária em todas as situações.
Tuesday, June 19, 2007
Coisas simples
A comida da minha avó.
Dormir junto a ti.
Uma casa amarela.
Experimentar receitas novas.
Ler um livro numa esplanada.
Ver um bom filme.
Adormecer no sofá.
O cheiro da terra depois da chuva.
Sumo de melancia.
Morangos com chantilly.
Ir à praia ao domingo de manhã.
Partilhar gelados.
Fazer planos para as próximas férias.
Trabalhar na mesa da varanda ao fim da tarde.
Caminhar pela serra.
Nadar no mar.
Brincar com as sobrinhas.
Vaguear por um museu de arte contemporânea.
O concerto de Caetano em Outubro.
Abraços. Diariamente.
Chá, acabadinho de fazer.
Escrever num bloco de notas novo.
Um café e um pastel de nata.
Dizer tolices.
Rir.
Coisas simples, umas mais do que outras.
A ideia de qualquer uma delas deixa-me de sorriso nos lábios. Fazem-me feliz.
Sunday, June 17, 2007
No mínimo, insólita,...
Nota: Que isto não vos impeça de lerem o livro, que é excelente. Esta passagem é de um diário do século XIX e a personagem que fala é um bocado nojenta. Daqui a mais uns dias, ficará a crítica por inteiro.
"After years of working with missionaries, I am tempted to conclude that their endeavours merely prolong a dying race's agonies for ten or twenty years. The merciful ploughman shoots a trusty horse grown too old for service. As philantropists, might it not be our duty to likewise ameriolate the savages' suffering by hastening their extinction? Think on your Red Indians, Adam, think on the treaties you Americans abrogate & renege on, time & time & time again. More humane, surely, & more honest, just to knock the savages on the head & get it over with?"
in Cloud Atlas, by David Mitchell
Saturday, June 16, 2007
Quoting
Fim do banco
A idade vai comendo a vida.
Vai ratando o futuro, e nós (eles) a verem.
Acorda-se com um dia a menos, e adormece-se com um dia a mais.
O calendário vai-nos mudando o corpo.
Vai-nos empurrando as costas, para a queda ser pequena.
Os velhos sabem de cor o chão.
Como quem sabe que está quase a chegar lá.
Desde que perdi a minha avó, que ganhei o respeito por quem mora no terceiro andar da idade.
Perde-se para ganhar.
E assim foi.
Emociona-me.
Que vida inteira pode ser sentada sozinha, num banco de jardim?
Com a idade, nunca escolhem o meio, sempre o fim do banco.
Em crianças, ter-se-iam sentado na outra ponta?
E deixam-se estar.
Respiram como podem.
Os olhos já não procuram nada. Já viram tudo.
Vão guardando o passado em rugas, para libertar a cabeça.
Em que pensam?
Na morte?
Os velhos não vivem. Deixam-se viver.
Os filhos já tem a vida deles, não os querem.
Tem de ir viajar e fazer compras para o jantar.
"O pai tem estado bem? Então vá, um beijinho."
Picaram o ponto, e para eles está feito.
Os novos choram com o corpo todo, gritam e fazem caras de quem sofre.
Os velhos choram só com os olhos, que o resto não se vê.
E assim o fazem, no fim do telefonema.
Ninguém os quer com as doenças cheias de idade.
As mãos da idade cheiram a tudo, com as veias cansadas de mostrar o sangue a toda a gente.
As pernas vão perdendo caminho.
Os braços deixam de abraçar.
O coração começa a falhar, já bateu demais mesmo para quem amou pouco.
Vai-se esquecendo de bater.
E uma noite, sem avisar, desaprende.
Desliga os olhos e atira o corpo para o fim.
Ocupam agora o banco todo.
Do principio ao fim, todo ele é corpo.
E os filhos, cansados de telefonar, resmungam.
Morreram oitenta e dois anos, e nem mais um dia.
A cidade não pára, o mundo não interrompe, nada.
Os filhos enterram vinte anos, e guardam os outros sessenta e dois.
Os últimos vinte davam trabalho e de pouco valiam.
Não tem vagar para os guardar.
Mas de hoje em diante, esses vinte vão acordá-los todos os dias.
Até se deitarem sozinhos no banco que os vai deitar.
Bruno Nogueira
Thursday, June 14, 2007
E diz esta gente que tem formação superior...
Tss, tss, tss.
Wednesday, June 06, 2007
PARABÉEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENNS!!!
Espero que tenhas um bom dia bug, que esteja mais sol do que aqui e que te divirtas como se não houvesse amanhã! Aproveita enquanto podes, que não estás a caminhar para novo... (uma belíssima frase!).
Monday, June 04, 2007
PARABÉEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENNS!!!
Nesta data querida
Muitas felicidades
Muiiiiiiiitos anos de vida!
(Comigo ao lado, de preferência!)
Gostava muito, muito, muito, mas mesmo muito de estar aí para poder cantar parabéns ao vivo e comer uma fatia de bolo. E dar-te abraços e beijos e mimos e tudo e tudo e tudo...
Como, em vez disso, vou viajar no sentido oposto, desejo-te um dia muito feliz! Espero que esteja sol... Aí e aqui, se não for pedir muito.
Para terminar, um poema de João de Deus, retirado daqui.
Dia de anos
Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!
Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!
Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.
Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!
Sunday, June 03, 2007
Frases de outros...
"Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa
Ou pelo menos, é o que circula na net. Embora não tenha conseguido perceber exactamente onde é que isto terá sido escrito. De qualquer modo, gosto.
Saturday, June 02, 2007
Contagem decrescente
O que é bom, mas assustador, mas bom, mas assustador, mas bom, mas assustador...
Thursday, May 31, 2007
Gula
Mas, enfim, por vezes, é muito difícil resistir. A mim, é-me difícil resistir aos cappuccinos do café da Faculdade. Aqueles serão, muito provavelmente, os melhores do mundo. O café e o leite estão na proporção certa, a espuma é cremosa, da consistência e espessura ideias e coberta com delicioso chocolate em pó! Nham... nham...
No entanto, hoje, assim pela tarde, quando o dito café já estava fechado (nem sequer adianta ir aos outros, que os cappuccinos não têm nada a ver), tive assim uma vontade irresistível de comer algo salgado. Batatas fritas! Aqui, batatas fritas são O snack. É ver os corredores de batata frita no supermercado: impressionante. Há batatas fritas de tantos tamanhos, feitios e sabor, que é complicado encontrar algumas que saibam a batata, assim frita, com um bocadinho de sal. Lá cedi à tentação e comprei um desses snacks... Bem que me custou cara a gula, que fiquei com o estômago às voltas o resto da tarde. Creio que tão cedo não vou ter grande vontade de comer batatas fritas.
Wednesday, May 30, 2007
Manhãs
De manhã, tenho tempo. O dia é uma criança, com uma imensidão de coisas boas guardadas para mim. Gosto que o sol me desperte, que ilumine o meu quarto, dizendo ao meu ouvido que há todo um dia novo à minha espera. Gosto do silêncio e da calma de ir acordando lentamente para o mundo que está lá fora. Gosto de sair com a sensação de ser tarde, mas que seja afinal ainda tão cedo.
Saturday, May 26, 2007
A não existência
Apesar de ser das noções mais básicas da vida, acho que ainda não consigo assimilar bem a não existência. Essa ideia, de simplesmente não existires, é esmagadora. Sobretudo porque tudo o resto está lá. Diferente, mas lá. E esta coisa de haver um mundo completamente independente de nós, que existe e muda, quer nós estejamos lá ou não, é também ela uma ideia complicada de entrar na cabeça. (Pouco egocêntrico, não?)
Por isso, às vezes, penso nas pessoas que não vejo há anos (nesta altura, até são bastantes, com o desterro e tudo mais) e imagino-te lá, com elas, na sua vida. Só que o teu telemóvel não tem rede e, por isso, não podes ligar a perguntar como está o tempo aqui. Talvez seja por isso que noções como céu, inferno, reencarnação e outras afins são tão populares. Malta com dificuldade de compreensão, como eu?
Sabíamos todos que era iminente, mas eu tinha "decidido" que ainda havia tempo. Tínhamos coisas combinadas para quarta-feira, era "óbvio" que não seria já. Além disso, tínhamos falado no dia anterior e eu chegava no seguinte. Eu chegava no dia seguinte. O que é que muda num dia? Naquele dia, tinha ido ao cinema, a uma sessão de fim da tarde, mas suficientemente cedo para ouvir quando ligasses. Quando ia à sessão da noite, ligava antes de entrar, mas esta era cedo de mais. Lembro-me de verificar as chamadas perdidas e as efectuadas e sei que nenhum de nós ligou, mas, às vezes, a memória fica enevoada e re-escrevo a história com uma chamada pelo meio:
"Olá."
"Olá."
"Tudo bem?"
"Sim. E aí?"
"Vai-se andando. Está muito calor. O tempo aí está bom?"
"Está."
"Até amanhã."
"Adeus."
Thursday, May 24, 2007
Ficção ou realidade
Com notícias destas, não se pode dizer outra coisa:
Havia ainda uma outra que falava da revolta dos professores contra as provas de aferição, porque estas iam permitir responsabilizá-los pelos resultados dos alunos... Talvez seja de mim, mas pensava que eles eram parcialmente responsáveis por isso, não?
Wednesday, May 23, 2007
Tuesday, May 22, 2007
The Welsh Girl, by Peter Ho Davies
Ora, eu demorei tanto tempo a ler o livro que já não fui a tempo do concurso de críticas. Provavelmente, não tinha grandes hipóteses; creio que não escreveria melhor do que a crítica que ganhou. É mais difícil em inglês...
De qualquer modo, apesar de ter demorado séculos a ler, o livro não é mau. É mais descritivo, com um inglês é mais literário do que outros que tenho lido. Estas razões e o facto de ter tido pelo meio umas férias em Portugal em que andámos às compras de casa levaram a que tivesse demorado tanto tempo.
Neste livro, contam-se as histórias cruzadas de um soldado alemão, uma rapariga galesa e um judeu que trabalha com os serviços de informação ingleses no final da II Guerra Mundial. A maior parte da acção passa-se no país de Gales, numa pequena aldeia. O ritmo é lento, bucólico, campestre, apropriado aos campos verdes de Gales onde pastam vagarosamente rebanhos de ovelhas. Descreve-se a vida daquela pequena sociedade rural, nos valleys de Gales e o efeito que a construção que um campo de prisioneiros de guerra tem na população. E mais não digo, se não não tem piada quando lerem.
O mais interessante, na minha opinião, é a humanização do "inimigo". Faz-nos pensar que os soldados, sejam eles de que lado forem, são homens, com defeitos, qualidades, com medo, coragem, com famílias, casas, amigos e amores.
Brevemente: Cronica de una muerte anunciada, por Gabriel García Marquéz.
Agulhas e palheiros
Wednesday, May 16, 2007
Reward-based happiness
O tempo contado custa. Mais do que isso, cansa. É bom que já falte pouco tempo de tempo contado.
Acho que, depois disto, me vou tornar uma lapa.
Tuesday, May 15, 2007
Just keep going
Há bastante tempo que percebi que isto tinha uma parte essencial de resistência psicológica. Que era importante não desistir. Mesmo quando nos dizem que desistir é sempre uma opção (acho que devia ter percebido a mensagem nesta altura!).
...
Quero (nesta altura, talvez o mais certo seja "preciso") acabar, mas só no fim. Embora, por vezes, não saiba bem o que me leva a continuar.
...
É certo que gosto disto (nuns dias mais do que noutros), mas também é certo que gostar disto não chega. E é ainda mais certo que, às vezes, preferia não gostar, preferia que não fosse importante para mim.
...
Não sei muito bem o que farei depois, mas tento não pensar muito nisso. Agora, tenho que me concentrar neste final para que consiga não desistir até ao fim.
Thursday, May 10, 2007
Monday, May 07, 2007
Portugal, um retrato social II
No início do século XXI, a vocação económica portuguesa está por definir. Com o desemprego e a recessão económica dos último anos, os portugueses voltam a emigrar. É difícil ganhar o pão em Portugal. "
Assim termina o segundo episódio do Portugal, um Retrato Social.
Já vi mais dois episódios deste documentário, "O que fazemos?" e "Mudar de Vida". Continuo a achar que é excelente, que me mostra novas perspectivas sobre o meu país, que me faz descobrir algo mais sobre ser português.
O problema também é que esse algo mais parece, por vezes, tão deprimente que não me apetece saber mais nada sobre ele. Tenho que ter cuidado com estes programas, que podem fazer-me pensar duas vezes sobre essa coisa de voltar para casa.
PS: No worries, hem... Brincadeirinha! ;)
Sunday, May 06, 2007
Os extraordinários
Não consigo deixar de me fascinar pela capacidade de certas pessoas atingirem feitos que eu considero extraordinários. Talvez extraordinários não seja bem a palavra, mas aquilo que quero dizer é que admiro profundamente pessoas que se aplicam verdadeiramente numa dada actividade em que ficam excelentes.
É claro que me interrogo quantos outros terão investido igual ou maior esforço e nunca terem atingido a excelência. Será que acontece? Ou será que, a partir de certo nível de esforço, só continuam para além das marcas os que são excelentes? E donde vêm as diferenças entre os excelentes? Os cínicos, diriam, provavelmente, daquilo que tomaram antes da "excelência".
Partindo do princípio que este é mundo no qual não há razões para cinismo, o meu post de hoje é motivado pela notícia que acabei de ler sobre o facto de estar a decorrer, neste momento, em Lisboa, uma prova de Triatlo a contar para a Taça do Mundo. Vanessa Fernandes, campeã europeia e vice-campeã do mundo aos 22 anos (quem é já teve tempo para fazer todas estas coisas aos 22???) vai participar e está a jogar em casa. Boa sorte!
Ouvi falar na Vanessa Fernandes pela primeira vez após ter visto algo nas notícias por aqui, em que alguém de Portugal ganhava uma prova... Eu sei que isto é vago, mas tinha a TV ligada nas notícias do desporto só para fazer barulho e não estava a prestar atenção até reparar num grande POR numa das atletas a cortar a meta. Ora, após umas pesquisas no Google, lá consegui perceber o que se tinha passado e fui ter ao site da Vanessa. Confesso que fiquei um bocado pasmada.
Uma miúda com um curriculum impressionante. Calculo que para atingir um curriculum destes haja um grande investimento a nível pessoal. É, sem dúvida, uma extraordinária.
Foto retirada daqui.
Saturday, May 05, 2007
O silêncio
- a primeira é que estou cheia cheia de trabalho;
- a segunda é que agora escrevo também aqui.
Ok, está bem... Se calhar a ordem das razões não é bem esta...
Sunday, April 29, 2007
Vida social?
De qualquer modo, nas duas últimas noites (ou, melhor, tardes) fui sair com malta lá do trabalho para beber um copo. Literalmente um, porque eu sou um bocado fraquinha e não me aguento à bronca. Daí a razão pela qual não há posts novos desde quinta-feira.
Na sexta, um típico real ale pub (bar de cervejas a sério?), onde se podem encontrar cervejas raras e diferentes que não se encontram na maior parte dos outros sítios. Eu não fã de cerveja - o que, como me foi dito, me impede de ter contactos sociais neste país, mas a cidra era jeitosa. Não consegui foi beber o meu copo inteiro, porque, como sou fraquinha, não consigo beber sem comer durante cinco horas!!!!
Foi engraçado, mas definitivamente não vou nunca conseguir ter sucesso num ambiente de pub, porque não gosto, nem consigo, nem quero beber demasiado. Fui para casa com a sensação de que a minha vida social por estes lados está condenada ao insucesso.
No sábado, fui a um barbecue (churrasco?), em casa de uma colega, num ajuntamento bastante internacional: havia malta de Alemanha (a maioria), UK, Portugal, Noruega, República Checa, Malásia e Trinidad&Tobago. Visto que não havia peer pressure (pressão de pares?) para beber aqui, devo dizer que me restabeleceu alguma segurança nas minhas social skills (capacidades sociais?). Gostei da diversidade de pessoas: estive a falar com uma série de pessoas diferentes e descobri amantes de fado, que provavelmente não percebem uma palavra de português, engenheiros de robótica e inteligência artificial (aka, geeks - cromos?-, como eles próprios disseram), músicos e ouvintes entusiastas de música, malta que vai fazer Madrid-Lisboa de bicla ou que faz Alemanha-Bristol de carro, com cinco pessoas lá dentro para vir fazer uma surpresa a uma amiga.
Fiquei estupefacta com aquilo que os robots podem fazer hoje em dia e percebi que, algures dentro de mim, há geekness (cromice?) que eu não consigo esconder.Descobri ainda que sei dar um aperto de mão como deve de ser (à homem??) e provei uma aguardente de ameixas da República Checa, que, quando bebida, não deve ser muito diferente de etanol (nunca experimentei etanol e, por isso, não posso atestar a veracidade desta suposição.)
Antes disto, tinha ido às lojas da Gloucester Road e comprado pão a sério, com aspecto delicioso, carne num talho a sério e ainda fruta e vegetais num greengrocer's (merceeiro de coisas verdes?) a sério. Não resisti na Waterstone's e comprei também uns livrinhos...
Foi um dia mesmo bom.
Hoje, vou trabalhar. :)
Cartoons retirados daqui e daqui.
Friday, April 27, 2007
25 de Abril, sempre!
Bem, é típico. Além de ovo podre, sou intrinsecamente atrasada. Mas em recuperação...
De qualquer modo, ontem foi completamente impossível deixar um post para assinalar o 25 de Abril. Já bastou não ter feriado, devia, pelo menos, ter festejado a liberdade de qualquer outra maneira. (Calculo que o meu festejo de liberdade, foi ter a liberdade de não escrever ontem.)
Eu sou da geração pós 25-Abril. Nunca vivi em ditadura e aprendi nas aulas de História o que foi o 25 de Abril, a par de outros marcos importantes do História do país e do mundo. Talvez seja por isso que 1974 me parece algo longínquo, que a política não me desperta grandes emoções ou que nem sempre tenha dado o devido valor a esta coisa fantástica que é a liberdade de expressão.
Creio que, com a idade, isso está a mudar. Sinto cada vez mais o quão importante é ter liberdade, viver em democracia, ter consciência política, exercer os nossos direitos e responder pelos nossos deveres. Tudo isto e o facto de ter começado a gostar de azeitonas leva-me a pensar que estou velha...
Para terminar, fica um link que me enviou hoje um amigo meu. É um vídeo do Paulo de Carvalho, a cantar "Depois do Adeus", uma das canções de Abril que eu gosto particularmente. Creio que provavelmente nunca tinha ouvido a versão original e fiquei bastante impressionada com o desempenho do Paulo de Carvalho.
Imagem retirada daqui. Um site um pouco assustador, mas era a primeira imagem da pesquisa de imagens do Google.
Wednesday, April 25, 2007
Gatos com Maitê
Por isso, fica apenas o link para um sketch dos Gatos que acabei de ver e adorei! A Maitê está genial...
Monday, April 23, 2007
Os parques
Londres é linda num dia de sol.
Num dia de chuva, não deixará de ser linda, mas fica tão cinzenta e com tanta gente a tentar abrigar-se que quase parece feia.
Uma das coisas que mais gosto de fazer em Londres, num dia de sol, é ir para o parque. Um qualquer. Há muitos, com bastante relva e espaço para todos os outros que têm o mesmo plano que eu. Diga-se que não é um plano muito original para um dia de sol. Todo o bicho careca sai à rua e acaba por ir parar aos relvados que se estendem, enormes, numa das mais movimentadas cidades do mundo.
Esta coisa de fazer algo ao ar livre num dia de bom tempo (bom tempo = em que não chova) é british q.b.. Aqui o sol parece mais precioso e com maior influência no nosso humor. Aqui aprendi a consultar o boletim meteorológico antes de um fim de semana em que vá passear.
O que eu mais gosto nas idas ao parque é senti-los um lugar tão democrático. Somos tantos ali, de tantos países diferentes, com cores, línguas e religiões diferentes. Desde a malta que vai andar de patins, até aos ciclistas ou joggers, passando pelo grupo de amigos que bebe cerveja e joga à bola, pelo casal de namorados, pela família com um monte de crianças, pelas senhoras imaculadamente maquilhadas, com um ar reservado e posh. Todos vamos ao parque num dia de sol.
Portugal, um retrato social
É sabido que eu sou um ovo podre. A certa altura da vida, comecei ainda a ficar mais ovo podre do que era.
No fim de semana, fui visitar amigos a L. O tempo esteve óptimo: nada de chuva e temperatura suficientemente alta para andar, na boa, de t-shirt a passear no parque, que foi o que nós fizemos. Nós e mais uma data de gente, que não havia parque que não estivesse à pinha... Gosto disso e um dia destes tenho que reflectir sobre este assunto mais aprofundadamente.
Bem, mas o que me traz aqui não é isso. À noite, estive a ver o primeiro programa de Portugal, um retrato social, de António Barreto, online na RTP. E aquilo fez-me chorar que nem uma Madalena... (eu sei, estranho... mas eu avisei logo que era um ovo podre). O programa está excelente, a realização da Joana Pontes parece-me impecável e a voz-off do António Barreto nem se fala. Portugal está... assim assim. Muito melhor do que estava há 40 anos, sem dúvida, mas ainda longe do sítio onde ideal para se estar.
Gostei de pensar naquilo que nos faz portugueses, no que nos une como sociedade, no tipo de sociedade que somos. Há, no entanto, coisas que me preocupam: mais de metade da população portuguesa (um pouquinho acima dos 10 milhões) vive junto ao litoral, na faixa entre Setúbal e Braga; há mais velhos com mais de 65 anos do que jovens com menos de 15; cada mulher tem, em média, menos de dois filhos; por cada bebé português, nascem dois ou três (não me consigo lembrar do número exacto) em França, Inglaterra ou Holanda. Estamos a ficar envelhecidos a passos largos.
Não sei bem como se resolve este grande problema de envelhecimento que nos afecta tão dramaticamente. Acho que a minha geração não vai contribuir grandemente para o tal aumento da natalidade. Tenho dúvidas que sejam as próximas. Provavelmente, precisamente de mais imigração (os Gatos é que sabem! :)).
Vou ver se vejo os outros programas. Parece-me que promete.